Passos Coelho critica ausência de estratégia em medidas anunciadas pelo Governo

Programa Nacional de Reformas e Programa de Estabilidade trazem um “vazio” que “não é tolerável”, diz ex-primeiro-ministro.

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Passos acusa Governo de estar numa "fuga em frente" Daniel Rocha

O presidente do PSD criticou o Governo pela ausência de estratégia a médio prazo no Plano Nacional de Reformas apresentado esta semana para o período até 2020, afirmando que o "vazio" oferecido ao país "não é tolerável".

"No Programa Nacional de Reformas vemos muitas medidas, muitas das quais merecem a nossa concordância, mas não vemos uma estratégia para os próximos anos. Não é certamente ser mais próspero, ter melhores escolas, melhores estradas, melhores vias férreas, melhores equipamentos. Ter bons equipamentos não é uma estratégia", afirmou Pedro Passos Coelho, no encerramento das primeiras Conferências da Liberdade, organizadas pela concelhia social-democrata de Santarém.

Para o líder social-democrata, esperava-se que as perspectivas de médio prazo apresentadas pelo Governo liderado pelo socialista António Costa "traduzissem uma estratégia clara", que "aponte as causas dos problemas e dos estrangulamentos" e que "traduza uma vontade de fazer desenvolver o país nos próximos anos num determinado sentido".
Passos Coelho reafirmou o seu ponto de vista, de que a economia só poderá crescer se o país for capaz de atrair investimento externo, admitindo que possa haver quem pense que é possível pagar dívida e gerar emprego com uma economia "mais estatizada, mais pública".

"Podemos discutir, mas é preciso saber qual é a proposta e a estratégia que se nos oferece", disse, considerando que o "vazio que foi oferecido quer com o Programa Nacional de Reformas quer com o Programa de Estabilidade não é tolerável".

O programa de estabilidade é, no seu entender, "uma mistificação que ignora totalmente as condições reais de que partimos".

"Se podemos caracterizar uma estratégia ao Governo e à maioria é de que estão numa fuga em frente, sem olhar para a realidade, aumentando dramaticamente os riscos a que vão sujeitar toda a sociedade portuguesa, talvez na esperança de que alguma coisa muita errada que possa acontecer em todo o espaço europeu venha criar uma solução que o Governo não é capaz de propor por si próprio para Portugal".

Para Passos Coelho, este é "um caminho perigoso", que corresponde a "uma cegueira que já foi seguida no passado, mas que hoje não tem desculpa para ser repetida".

"Aquilo que nos é proposto é que façamos de conta que não temos o legado que temos, que os dados observados no último trimestre de 2015 não existiram, que os dados que estão projectados nas previsões que reflectem não é apenas optimismo, é um excesso de optimismo, impossível de ser cumprido ao longo do tempo que nos resta este ano", afirmou.

Passos Coelho classificou de "fantasia" a promessa de redução da despesa com a existência de menos funcionários públicos ao mesmo tempo que se anuncia a contratação de mais médicos, mais enfermeiros, mais funcionários judiciais. "Nada desta fantasia tem aderência à realidade", declarou.

 

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