Gratos a Alcoitão

Com 150 camas, o Centro assegurou, no ano passado, mais de nove mil consultas e 661.568 actos terapêuticos.

Há milhares de portugueses que se sentem gratos a Alcoitão. Não à localidade, a meio caminho entre Cascais e Sintra, mas ao Centro de Medicina de Reabilitação (CMRA) que, todos os dias, acolhe pessoas com graves sequelas de acidentes de viação, de mergulhos mal dados, de quedas, de doenças neurológicas e, cada vez mais, de AVC (acidente vascular cerebral). Vêm de vários hospitais do país após a fase inicial dos tratamentos e quando já se encontram em situação considerada estável. Segue-se a reabilitação no CMRA.

Chegam presos a cadeiras de rodas, quase sempre de alma ferida. Pessoas comuns com a vida subitamente interrompida. Um professor de mergulho cuja mota se despistou na esquina por onde passava todos os dias; um canalizador com uma infecção que galopou através de uma ferida aberta na mão e lhe tirou o andar; uma mulher atropelada quando ía trabalhar; um antigo paraquedista que caiu na banheira; uma enfermeira que sofreu um AVC; uma criança que nasceu com deficiência. Sobreviveram, ficaram para contar. E depois do choque, a esperança aponta para um sentido: O Centro de Alcoitão, pertencente á Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).

É em Alcoitão que começam a reaprender a vida de outra maneira com o apoio de dedicados fisioterapeutas, terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais, médicos, enfermeiros, psicólogos.

Homens e mulheres, jovens e crianças deslocam-se em cadeiras de rodas pelos corredores, enchem os ginásios e os gabinetes médicos, treinam a autonomia, reaprendem a falar e a comer, a lavar os dentes, a fazer as tarefas quotidianas.

Para muitos, é como se nascessem para uma segunda vida, totalmente diferente da que tinham. Outros, sentem a felicidade de recuperar por completo. Mas nada volta a ser como dantes.

Hoje, dia 20 de Abril, o CMRA completa 50 anos. Meio século desde que o então provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) José Guilherme de Melo e Castro, decidiu construir um equipamento vocacionado para a Medicina Física de Reabilitação que depressa se tornou internacionalmente reconhecido pela excelência do seu trabalho.

Com 150 camas, o Centro assegurou, no ano passado, mais de nove mil consultas e 661.568 actos terapêuticos.

E de forma a melhorar a resposta face a uma procura cada vez maior, a administração do CMRA, com Helena Lopes da Costa à frente, assinala o seu 50.º aniversário com a inauguração de duas Unidades Habitacionais – projecto especialmente acarinhado pelo provedor Pedro Santana Lopes – que vão funcionar como residências de transição, entre o internamento e o regresso à vida em sociedade, destinadas e adaptadas a jovens portadores de deficiência motora, entre os 18 aos 35 anos.

O Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão prossegue assim um trabalho de assinalável mérito público, acompanhando as exigências do século XXI na investigação, nos métodos terapêuticos e na formação. Um trabalho que tive o privilégio de observar nos últimos oito meses, enquanto ali estive cumprindo funções profissionais.

Aspectos negativos e falhas também existem, naturalmente. Enganos, esperas, descontentamentos. Não há locais perfeitos. Mas, como diz a canção, é muito mais o que une, do que o que separa.

E o trabalho desenvolvido no Centro do Alcoitão, inserido no objectivo da Misericórdia de Lisboa de melhorar a qualidade de vida dos que mais precisam, constitui um notável serviço público, a que milhares de portugueses agradecem.

No seu 50.º aniversário, o CMRA está de parabéns pela qualidade que promove nas suas diversas áreas, continuando a marcar a diferença reconhecida a nível internacional.

Direcção de Comunicação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

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