Costa garante que contribuintes não vão pagar solução para o crédito mal parado

Bloco apresentou condições para a “limpeza da banca”, mas Costa avisou que a decisão sobre o Novo Banco cabe-lhe a si, e não aceita imposições.

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Costa avisou que optará pela solução para o Novo Banco que "for melhor", independentemente de ser a preferida do BE ou do PCP AFP PHOTO / PATRICIA DE MELO MOREIRA

A solução ainda não está desenhada, mas António Costa já se aventura a fazer promessas: os problemas do crédito mal parado e da falta de capitalização da banca têm que ser resolvidos com calma e “não pode ser à custa dos contribuintes”. Se pelo menos nisso a esquerda está de acordo, mais difícil será entender-se quanto ao caminho para lá chegar.

A questão foi chamada ao debate por Catarina Martins: “O Banco de Portugal (BdP) tem um plano para uma nova injecção de dinheiro público na banca absorvendo parte do crédito mal parado. O primeiro-ministro referiu-se aprovadoramente a esse projecto, que eu não conheço, e queria saber quando vai ser submetido ao Parlamento.” Na resposta, António Costa garantiu “desconhecer” esse plano do BdP para a criação de um “banco mau”, e afirmou que não defendeu “qualquer injecção de dinheiro público na banca portuguesa”.

Costa especificou que considera “útil que haja um veículo, uma ferramenta, um instrumento que permita” resolver o problema do endividamento e da falta de liquidez. “Não se trata de ajudar a salvar bancos, trata-se de garantir o financiamento da economia portuguesa, essencial para o crescimento e a criação de emprego”, vincou Costa que ainda não optou por nenhuma solução como as de outros países e afirmou-se certo de que o país terá "uma boa solução à portuguesa” para a qual o Bloco “contribuirá com a sua criatividade”.

Catarina Martins pôs na mesa aquilo a que chamou “programa de limpeza da banca” com várias condições: que seja debatido no Parlamento sem a interferência de Bruxelas, que os accionistas privados paguem “pelo buraco que fizeram” e que a decisão sobre os activos (o que são, quanto valem, o que lhes fazer) seja do Estado; e ainda que a CGD seja capitalizada e que o Novo Banco fique como “público, numa operação viável e de longo prazo. António Costa subscreve as quatro primeiras condições, mas não aceita imposições sobre a última. Optará pela solução do BE “se ela for a melhor” ou pela do PCP, de nacionalização, “se essa for a melhor”. Ou por nenhuma delas, “se entender que não é o melhor para o interesse público.”

Além de Catarina, também Jerónimo de Sousa recusou que os contribuintes sejam chamados a “pagar os buracos da banca”. Já o PSD acusou Costa de falar sobre o veículo de resolução do crédito mal parado sem postura “institucional”. Fora do Parlamento, à margem de uma reunião do comité executivo da Internacional Democrata do Centro, Pedro Passos Coelho desvalorizou o problema do crédito mal parado dizendo que “não é uma questão maior e que imponha acções urgentes”, e que o sistema financeiro tem recursos para poder emprestar mais dinheiro à economia. com M.J.L.

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