PSOE põe fim às negociações de governo e dá novas eleições como inevitáveis

Conservadores têm nova oferta para uma “grande coligação” com Pedro Sanchéz como vice-presidente. "A mudança para nós é sinónimo de não ter Rajoy e o PP no Governo", responde porta-voz socialista.

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Porta-voz do PSOE, Antonio Hernando (ao centro) anunciou o fim das negociações AFP/JAVIER SORIANO

Sem acordo com o Podemos, e nenhum interesse em negociar com o Partido Popular, o porta-voz dos socialistas, Antonio Hernando, decretou esta segunda-feira o fim dos esforços do PSOE para encontrar uma solução de governo para Espanha, dando como praticamente certo o cenário de repetição das eleições legislativas, que merece a oposição de 80% dos espanhóis. E a duas semanas do fim do prazo para a constituição de um Executivo, não se vislumbra outra opção que evite o regresso às urnas a 26 de Junho.

“O tempo das ofertas e contra-ofertas acabou. Não podemos confiar em Pablo Iglesias, que bloqueou a mudança em Espanha”, declarou Antonio Hernando, que encabeçou a equipa de negociadores que se reuniu com representantes do Podemos (esquerda) e dos Cidadãos (centro-direita), numa derradeira tentativa do PSOE para encontrar um compromisso para a formação de um "governo progressista" – um primeiro ensaio para a investidura de Pedro Sanchéz foi chumbado pelo Parlamento.

Em declarações ao El País, o porta-voz dos socialistas colocou todo o ónus do fracasso negocial nos ombros do Podemos. O partido de Pablo Iglesias apresentou um caderno de encargos com 20 pontos (“vinte cedências programáticas”) , e ainda impôs como condição para a assinatura de um pacto de governo com os socialistas que estes desistissem do seu entendimento com o Cidadãos. Mas sem esperar a resposta – negativa – dos socialistas, o Podemos rompeu as negociações e no fim-de-semana Iglesias já andou em pré-campanha.

No entanto, os conservadores ainda não atiraram a toalha ao chão, e segundo escreve esta segunda-feira o El Mundo já convocaram o PSOE para uma nova reunião em que avançarão com a proposta de uma “grande coligação”, que poderá ou não ainda incluir o Cidadãos (Albert Rivera já declarou que, do seu ponto de vista, Rajoy não é a figura certa para promover o movimento de regeneração política que defende para o país).

De acordo com o diário, Mariano Rajoy vai apresentar ao líder do PSOE, Pedro Sanchéz, “uma oferta muito detalhada”, que lhe consagra o cargo de vice-presidente do Governo e integra nas bases programáticas algumas das exigências dos socialistas, como a reforma constitucional e da lei eleitoral. Depois de ter dito mil vezes que recusaria qualquer pacto com o PP, Sanchéz deverá responder com um rotundo "não" à oferta de Rajoy: “Não sei como ainda não percebeu que para nós a mudança é sinónimo de não ter Rajoy e o PP no Governo”, comentou Antonio Hernando.

O Partido Popular obteve mais votos nas eleições de Dezembro, mas falhou a maioria que lhe permitia formar governo. As sondagens mostram que poderia beneficiar da repetição da votação para alargar a sua percentagem eleitoral; no entanto, Mariano Rajoy quer culpabilizar a oposição pelo impasse político.

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