Sócrates diz que investigação serviu para impedir candidatura à Presidência da República

Nunca antes o tinha assumido publicamente, mas afinal sempre esteve nos planos de Sócrates chegar à Presidência

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José Sócrates fotografado durante um almoço em sua homenagem, em Novembro do ano passado Enric Vives-Rubio

Javier Martín, correspondente do jornal El País em Lisboa, entrevistou o ex-primeiro-ministro José Sócrates para a versão brasileira do jornal e levou-o a dizer, entre outras coisas, que estava nos seus planos entrar na corrida a Belém.

“Parece que será acusado de fraude fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção”, comentou o jornalista. “Sim, está na moda. A acusação de corrupção transformou-se no instrumento jurídico para a destruição política”, respondeu José Sócrates. E concretizou: “O objectivo era impedir a minha candidatura à presidência do país e que o Partido Socialista não ganhasse as eleições. Conseguiram os dois.”

Nunca, antes, José Sócrates havia assumido publicamente a sua intenção de ser candidato à Presidência da República, apesar de muitos socialistas a darem como certa, depois da travessia do deserto feita em Paris. Agora, não só o objectivo é assumido, como o antigo governante não se coíbe de lançar farpas ao actual detentor do seu cargo de sonho.

“Nunca me agradou o seu interesse em querer contentar toda a gente. O presidente Marcelo sempre foi um personagem em busca do seu papel político. E descobriu-o finalmente, o papel dos afectos, eixo de todo um novo programa político”, disse José Sócrates. “Por outro lado, vejo o alvoroço diário da sua presidência como uma necessidade de querer sublimar a frustração por ter estado afastado da política durante 20 anos”, acrescentou na entrevista ao El País Brasil.

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