Condutor e dono da carrinha do acidente em França acusados de homicídio involuntário

Acidente em França causou a morte a 12 portugueses.

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O condutor e o proprietário da carrinha envolvida no acidente que causou a morte a 12 emigrantes portugueses em França, no passado fim-de-semana, foram acusados de homicídio involuntário agravado, avançou esta segunda-feira a AFP.

O condutor é um português de 19 anos, o único sobrevivente do acidente, que apenas partiu o pulso, e o proprietário do veículo é o seu tio, que acorreu ao local do acidente mas não seguia no mesmo veículo.

Os dois homens foram detidos preventivamente até segunda-feira e os seus advogados estão a preparar a defesa. "Esta detenção nada tem a ver com uma decisão, que será posterior, sobre se os dois se irão manter presos", disse à AFP o procurador de Moulins, Pierre Gagnoud. “Este é um inquérito que vai ser de longa duração e vai necessitar de investigações no estrangeiro”. Gagnoud especificou à Lusa que, para que o processo judicial possa avançar, terão de ser feitas investigações nos países de partida e de destino da viatura, ou seja, em Portugal e na Suíça.

O condutor da carrinha “respondeu com sinceridade aos inquéritos mas não consegue ainda explicar as circunstâncias do acidente. Há um buraco negro. Ele lembra-se apenas da portagem e dos socorristas que o vieram acudir”, disse a sua advogada Antoine Jauvat.

“Estão profundamente afectados”, os dois homens tinham membros da família entre as vítimas, disseram os seus advogados. “É por essa razão que manifestaram o desejo de pôr fim às suas vidas e tiveram de ser internados em serviços de psiquiatria”, acrescentou o advogado do proprietário do veículo, William Hillairaud.

As 12 vítimas, que viviam na Suíça e estavam a caminho de Portugal para passar a Páscoa, seguiam numa carrinha que se desviou da sua trajectória e foi contra um camião.

Levantaram-se várias questões em torno deste acidente. Desde logo, a idade do condutor que, por ter apenas 19 anos, não possuía habilitação legal para conduzir tantos passageiros. Mesmo que o veículo estivesse homologado para transportar 12 passageiros não o poderia conduzir, já que 21 anos é a idade mínima para ter a carta de condução de pesados de passageiros.

Os elementos recolhidos apontam também para o facto de o veículo apenas ter seis lugares homologados. Terá sido acrescentado um banco para mais três pessoas, mas na carrinha seguiam 12 passageiros, mais o motorista.

Empresários do ramo dos transportes internacionais especializados em operar no mercado da emigração traçaram ao PÚBLICO um cenário negro do mundo do transporte ilegal dos portugueses a trabalhar na Suíça e noutros países da Europa. Falam de vários acidentes no passado e denunciam um “mercado negro sem regras”. Acima de tudo, dizem, há “uma enorme falta de fiscalização” por parte das autoridades portuguesas e acrescentam que, se as polícias não apertarem os controlos, acidentes como este vão continuar a verificar-se.

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