Que modelo de gestão para Belém?

A recente demissão do presidente do CCB tem uma dimensão política e outra técnica. Pouco se acrescentou à primeira: decisão politicamente legítima, mas publicamente incompreensível. A segunda tem sido desvalorizada porque dificilmente se rebate a necessidade de um plano estratégico para Belém. Trata-se de um instrumento incontornável para o correcto desenvolvimento daquele que é provavelmente o maior ecossistema patrimonial nacional. Uma fortíssima imagem histórica, importantes equipamentos culturais e caraterísticas geográficas e urbanas únicas, tornam este destino muito atractivo do ponto de vista turístico e, consequentemente, económico. Porém, aqui estão representadas várias instituições públicas e privadas de grande peso cultural, económico e político e qualquer estratégia passará sempre pela sua difícil articulação. Para tal, requer-se um plano bem delineado, com linhas claras de actuação (espaço público, acessibilidades, coordenação cultural, urbanismo comercial, etc.) que sirva de base a esta complexa tarefa de equilíbrios e consensos num território tão pequeno. A questão coloca-se, portanto, no seu modelo de gestão, muito centralizado e pouco discutido, segundo os críticos. A verdade é que não parece viável uma execução descentralizada e excessivamente burocrática, pelo contrário implica um novo paradigma de gestão patrimonial, porém alguns consideram isso privatizar a cultura.

 

Professor universitário

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