O Tollan, a caranguejola, o bota-abaixo e o congresso do PSD

Ao líder parlamentar socialista, carlos César, coube fazer o ataque aos sociais-democratas.

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Carlos César, presidente do PS e líder da bancada parlamentar socialista, diz confiar no "bom senso" de Cavaco Silva nos próximos meses. Nuno Ferreira Santos

Entre o elogio ao CDS-PP e as duras críticas ao PSD, o líder parlamentar socialista, Carlos César, apelou esta quarta-feira a todos os partidos que colaborem com propostas para o Programa Nacional de Reformas para que se chegue a um “compromisso reformista tão vasto quanto possível”. César alegou que o PS e o Governo “não precisam de favores da direita, mas o país não merece os seus desfavores”.

Na sua intervenção no debate quinzenal desta quarta-feira, Carlos César pediu uma “contribuição efectiva a todos os que apoiam estas ou outras reformas” porque “a todos cabe, em qualquer caso, a defesa dos interesses portugueses no diálogo europeu, e essa defesa não é compaginável com a negação e a destruição de tudo quanto se faz ou propõe”. O líder parlamentar do PS insistiu na necessidade de uma “intensidade máxima de participação, incluindo os próprios partidos de oposição”.

“Esperávamos, sinceramente, que o PSD desse um sinal da sua conversão à política construtiva”, disse Carlos César, acrescentando: “Afinal, não aproveitaram ainda esta semana para se despedir do ‘bota-abaixo’, do passado que o persegue, do ciúme da actual governação, do discurso sobre o nada. (...) Os deputados do PSD estão cada vez mais transparentes, mas apenas no pior sentido: é como se não estivessem cá!”

O dirigente socialista argumentou só falar do PSD porque a “caranguejola teve vida curta. O atrelado, está-me a parecer, livrou-se do rebocador, ganhou motor e passou-lhe à frente. Parabéns ao CDS.” Carlos César acrescentou que comparou os dois partidos da direita a barcos: “É como a história do Tollan. Encalhou e o outro barco prosseguiu”, afirmou recordando o episódio do porta-contentores de bandeira inglesa que naufragou no Tejo em 1980.

António Costa foi parco na resposta a Carlos César uma vez que, além das críticas mordazes ao PSD, o líder parlamentar socialista centrou o seu discurso na defesa minuciosa de cada eixo do plano que o próprio primeiro-ministro já tinha apresentado no arranque do debate, como se de um decalque se tratasse. César foi, no entanto, cauteloso sobre o plano, avisando que é apresentado num “contexto incerto quanto à evolução da economia e das finanças à escala europeia, além de outras variáveis de natureza política e conjuntural” – um “enquadramento muito onerado”, haveria ainda de vincar.

O chefe do Governo defendeu que a sua equipa se deve concentrar não em criticar o anterior Executivo mas nos problemas estruturais, mas não resistiu a uma bicada ao partido liderado por Pedro Passos Coelho. Costa disse ter “esperança” que o PSD mude de atitude depois do seu congresso do próximo fim-de-semana, que este lhe traga uma “forte dinâmica renovadora” e que na próxima semana possa apresentar nos debates sobre o plano algumas propostas.

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