Quem são os terroristas de Bruxelas com ligações a Paris

Os atentados de Paris foram realizados por um grupo composto por pelo menos 30 pessoas. Alguns deles participaram nos atentados desta semana em Bruxelas.

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NICOLAS MAETERLINCK/AFP

As autoridades acreditam que os ataques de Novembro a Paris e esta semana a Bruxelas foram preparados pela mesma célula. A rede pode ser composta por pelo menos três dezenas de pessoas, segundo indicou o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. Destas, 11 estão mortas, 12 foram detidas e várias estão em fuga — não se conhece o número exacto. 

Só três atacantes de Bruxelas foram até agora identificados. A polícia procura dois suspeitos e, entre a noite de quinta-feira e a manhã desta sexta, realizaram-se várias detenções na capital belga: sete nos bairros de Schaerbeek e Jette. Seguem-se as figuras do atentado desta semana e a explicação do rasto até Paris. 

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Salah Abdeslam REUTERS

Salah Abdeslam

Francês, de 26 anos, deveria ter-se feito explodir no dia 13 de Novembro de 2015, no estádio de França, mas não o fez — o seu irmão, Ibrahim Abdeslam, foi um dos bombistas suicidas. Sabe-se que foi Salah quem alugou os carros e quartos de hotel usados pelos terroristas. Viajou para Bruxelas (de onde partira) ainda na noite dos ataques, ajudado por um amigo de infância, Mohamed Abrini, ainda a monte.

Foi preso há uma semana em Bruxelas, depois de, dias antes, ter escapado da casa onde vivia com Mohamed Belkaid durante uma rusga. É provável que a sua detenção tenha precipitado os atentados de Bruxelas, que estariam agendados para quinta-feira, véspera de feriado, segundo revelaram oficiosamente alguns investigadores. O seu advogado disse que iria colaborar com a polícia — poderá explicar porque não quis ser um bombista-suicida, mas também revelar pormenores sobre a estrutura de comando e coordenação dos grupos jihadistas no eixo Paris-Bruxelas. Após os atentados de Bruxelas, mudou de ideias também quanto a ser julgado na Bélgica e pediu a extradição rápida para Paris.

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Mohamed Belkaid

Mohamed Belkaid

O argelino foi morto pela polícia a 15 de Março, na operação em Forest, onde viveu com El Bakraoui, Abdeslam e, possivelmente, Laachroui. A Justiça francesa acredita que foi a ele que os atacantes do Bataclan enviaram a mensagem a dizer "Já começámos" a 13 de Novembro, antes de atacaram a sala de concertos Bataclan. Terá sido também Belkaid a proteger Abdeslam, quando este regressou a Bruxelas depois dos ataques à capital francesa.

Recebeu treino militar na Síria em 2013 e era, com Abdeslam, o homem que fazia a ligação com Abdelhamid Abaaoud (amigo de infância de Salah), o presumível cérebro dos atentados de Paris, que morreu numa operação policial em Saint Denis. Foi ele quem enviou 750 euros, via Western Union, usando um nome falso, para Hasna Ait Boulahcen, prima de Abaaoud, escondida com ele em Saint-Denis. Belkaid era considerado uma peça chave desta célula.

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Ibrahim El Bakraoui

Ibrahim El Bakraoui

Belga, de 29 anos — irmão de Khalid —, foi um dos bombistas-suicidas no aeroporto de Zaventem, onde fez explodir a mala que transportava. Em 2010 participou num roubo com uma espingarda automática e feriu um polícia. Foi condenado a nove anos de prisão, mas também cumpriu grande parte da pena em liberdade condicional. Foi este o homem apanhado pelas autoridades turcas quando tentava viajar para a Síria e posteriormente deportado para a Holanda no Verão de 2015; segundo o Presidente turco, as autoridades de Bruxelas e da Holanda foram avisadas sobre a reentrada na Europa de Ibrahim El Bakraoui — radicalizado e membro de uma célula adormecida —, mas este nunca foi detido ou interrogado. Deixou um texto no seu computador antes de executar o atentado de terça-feira, dizendo não saber o que fazer, estar com pressa e temer acabar numa cela de prisão.

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Khalid El Bakraoui

Khalid El Bakraoui

Belga de 27 anos, fez-se explodir na terça-feira na estação de metro de Maelbeek, no chamado bairro europeu de Bruxelas. Tinha registo na registo na polícia, mas por pequena criminalidade: em 2011 fora condenado a cinco anos de prisão por roubo de automóveis; cumpriu a maior parte da pena em liberdade condicional, como o seu irmão.

Foi um dos responsáveis pela logística dos atentados de Paris: alugou uma casa nos arredores de Bruxelas em que se planearam os ataques e as autoridades sugerem que pode ter conseguido algumas armas e munições usadas em Paris. Foi também ele quem alugou a casa do bairro de Forest (também em Bruxelas) onde a 15 de Março foi morto Mohamed Belkaid e de onde escapou Salah Abdeslam e, possivelmente, Laachraoui — encontraram-se as impressões digitais de ambos. Na residência achou-se também uma bandeira do grupo Estado Islâmico. 

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Najim Laachraoui

Najim Laachraoui

Belga, de 28 anos, foi identificado pela imprensa francesa e belga como o segundo bombista-suicida no aeroporto de Zaventem. Estudou engenharia na Universidade Livre de Bruxelas em 2009-10 . Viajou para a Síria em 2013, onde terá adquirido prática de combate e de fabrico de explosivos. 

Laachraoui é uma peça fundamental nos atentados de Paris e Bruxelas. Acredita-se que foi ele quem fabricou as bombas para ambos os atentados, pelas impressões digitais suas deixadas no material químico encontrado no local onde se fabricaram os coletes de explosivos para a capital francesa e também no bairro de Schaerbeek, de onde saíram os suspeitos que se explodiram terça-feira no aeroporto. Suspeita-se que tenha entrado no ano passado na Europa através da rota usada pelos refugiados para chegarem à Grécia. Abdeslam foi buscá-lo em Setembro à Hungria e os dois passaram a fronteira entre a Áustria e a Hungria.

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Mohamed Abrini

Mohamed Abrini

O belga, de 31 anos, era amigo íntimo dos irmãos Abdeslam. Tem um registo criminal extenso. Viajou para a Síria em 2015 e fazia parte do círculo próximo de Abdelhamid Abaaoud, dado não só como cérebro dos atentados de Paris, mas também de uma série de outros ataques na Europa. Terá sido ele quem transportou Salah Abdeslam de Paris para Bruxelas e está a monte desde então. A polícia está a veriguar se ele é um dos seis homens detidos entre quinta e sexta-feira, por suspeita de envolvimento em Zaventem e na célula de Maelbeek.

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