O coming out (antes do check out) de Robin Williams

A menos que se faça questão de ir ver Robin Williams por uma última vez, pode-se bem passar ao lado.

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Boulevard: o derradeiro papel de Robin Williams

Este é que terá sido mesmo o derradeiro papel de Robin Williams, que se suicidou em Agosto de 2014. É de crer que o filme, produção independente relativamente anódina, se tenha visto recuperado pelo desaparecimento do actor – “Boulevard” apareceu em festivais em Abril de 2014 e foi depois comercialmente estreado, nos EUA, em Julho do ano passado. Será um objecto sobretudo para admiradores do actor, mas há que reconhecer que o homem estava disposto a alinhar em projectos arriscados para alguém com o seu estatuto e a sua imagem de actor cómico.

“Boulevard” é, nem mais nem menos, a história do um “coming out” tardio, o de um velho e deprimido bancário (Williams), despertado pela sua relação com um jovem prostituto de rua (Roberto Aguire). Apesar da premissa, tudo é bastante sensaborão e as personagens são bastante monodimensionais, inclusive a de Williams, que basicamente se limita a passear o seu modo acabrunhado durante o tempo do filme inteiro. Tudo é limpo, tudo é plano, tudo conduz à exemplaridade pré-fabricada de uma moral da história. A menos que se faça questão de ir ver Robin Williams por uma última vez, pode-se bem passar ao lado.

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