Dois portugueses recebem 4,15 milhões de euros em bolsas europeias

Um dos projectos financiados pelo Conselho Europeu de Investigação é na área da física e o outro na das ciências sociais e humanas.

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O físico Luís Oliveira e Silva DR

Luís Oliveira e Silva, professor catedrático do Departamento de Física e presidente do conselho científico do Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, acaba de obter uma bolsa de 1,950 milhões de euros pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês). A outra bolsa atribuída pelo ERC foi para a área das ciências sociais e humanas. A antropóloga Cristiana Bastos, do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, recebeu 2,2 milhões de euros pelo projecto “A Cor do trabalho: as vidas racializadas dos migrantes”.

“A bolsa atribuída destina-se a explorar os mecanismos que permitem a conversão de luz laser em matéria e antimatéria, uma ilustração directa da famosa fórmula de Einstein E=mc2”, refere um comunicado de imprensa do IST desta sexta-feira. “Recorrendo aos maiores supercomputadores do mundo, o projecto, designado por InPairs, estudará ainda as propriedades colectivas resultantes da interacção de fotões, electrões e positrões na presença de campos ultra intensos. Estes ambientes extremos podem ser encontrados nalguns dos eventos mais espectaculares do Universo, como estrelas de neutrões e pulsares”, acrescenta-se. “Pretende-se também identificar como reproduzir estas condições extremas laboratorialmente, por exemplo no foco de lasers ultra intensos, e explorar a utilização dessas configurações para produzir fontes de raios gama de elevada qualidade.”

Já em 2010 Luís Oliveira e Silva tinha obtido do ERC uma bolsa do mesmo género – uma advanced grant (“bolsa avançada”) –, então no valor de 1,6 milhões de euros. Este tipo de bolsas do ERC destinam-se a líderes científicos considerados excepcionais, para o desenvolvimento de projectos de investigação de elevado risco na Europa. É a primeira vez que que um investigador a trabalhar em Portugal no domínio das ciências físicas e engenharias é galardoado por duas vezes com uma “bolsa avançada”, refere ainda o comunicado do IST, acrescentando que em Portugal apenas Zach Mainen, da Fundação Champalimaud, recebeu, no domínio das ciências da vida, também duas “bolsas avançadas”. Luís Oliveira e Silva lidera a equipa de teoria e simulação numérica do Grupo de Lasers e Plasmas do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear, do IST, onde o Projecto InPairs será desenvolvido.

Quanto ao projecto de Cristiana Bastos, contará com investigação histórica, antropológica e etnográfica para estudar “os fluxos intercontinentais de trabalhadores na pós-abolição da escravatura e as dinâmicas de inclusão/tensão/competição que se estabeleceram localmente”, segundo um comunicado de imprensa do ICS, também desta sexta-feira.

Dois casos de estudo serão os portugueses que viviam nas ilhas e foram trabalhar para as plantações de açúcar em colónias do império britânico, como a Guiana Inglesa, em 1830, e os portugueses que foram trabalhar para a Nova Inglaterra, na América, no contexto da Revolução Industrial.

Este projecto irá abordar de uma forma pouco habitual a expansão portuguesa, “substituindo a narrativa das caravelas e descobertas pela do trabalho, dificuldades e conquistas sociais”, sustenta o comunicado. Cristiana Bastos é a coordenadora do grupo de investigação Identidades, Culturas e Vulnerabilidades, e trabalha no ICS desde 1990, onde se tem dedicado ao estudo da mobilidade transnacional, da biopolítica colonial e da história social da saúde.

Notícia actualizada às 20h26 de 18 de Março de 2016.

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