Duas câmaras secretas poderão encontrar-se junto ao túmulo de Tutankhamon

Egiptólogo britânico Nicholas Reeves acredita que encerram o túmulo de Nefertiti. Autoridades locais dizem que poderá ser “a descoberta do século XXI”.

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O ministro Mamdouh al-Damati na conferência de imprensa no Cairo MOHAMED EL-SHAHED/ AFP
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Túmulo de Tutankhamon no Vale dos Reis Mohamed Abd El Ghany/ Reuters

Parece agora quase seguro – “90% seguro”, diz o ministro egípcio das Antiguidades, Mamdouh al-Damati – que sempre existem duas câmaras secretas por trás do túmulo de Tutankhamon, no Vale dos Reis.

Esta convicção, já expressa e anunciada em Novembro do ano passado pelas autoridades egípcias e pela equipa que vem trabalhando na necrópole perto de Luxor, surge agora reforçada pela informação de que dentro dessas câmaras existirão matérias metálicas e orgânicas. É isso que dizem as imagens do exame de radar realizado no final do ano passado pelo especialista japonês Hirokatsu Watanabe, sob a direcção do egiptólogo britânico Nicholas Reeves, e que entretanto foram sujeitas a uma análise minuciosa.

“Existem duas salas por detrás das paredes oeste e norte da câmara funerária de Tutankhamon”, disse esta quinta-feira Mamdouh al-Damati no Cairo, dando conta de mais uma etapa na investigação que foi lançada em Outubro do ano passado – a operação Scan Pyramids. “Estamos mais de 90% seguros de que as câmaras estão lá. Mas não daremos o próximo passo até termos 100% de certeza”, acrescentou o ministro egípcio, anunciando que novas análises serão realizadas ainda em Março, desta vez a cargo da National Geographic, e que os resultados serão anunciados a 1 de Abril.

Estes resultados vêm dar mais força à hipótese avançada por Nicholas Reeves – e que vários egiptólogos têm visto como fantasiosa – de que as citadas câmaras guardam o túmulo de… Nefertiti, a bela esposa de Akhenaton, pai de Tutankhamon, mas não necessariamente a mãe do faraó-menino que morreu com apenas 19 anos, em 1324 a.C.

O egiptólogo tem defendido que a morte prematura de Tutankhamon obrigou os sacerdotes a improvisar um túmulo, o que terá sido feito naquele que, uma década antes, tinha sido destinado a Nefertiti. Daí a subdivisão do espaço em várias câmaras funerárias, com tamanhos e características diferentes dos túmulos dos restantes faraós.

Mais comedido na expressão das suas expectativas é Mamdouh al-Damati, que – segundo a AFP – admite que nas referidas câmaras funerárias poderá estar o túmulo de Kia, outra esposa de Akhenaton (e mãe de Tutankhamon), ou mesmo o de uma das suas filhas. Em todo o caso, o ministro repete que, a confirmar-se, esta será “a descoberta do século XXI” na área da arqueologia. “É tão importante para a história do Egipto como para todo o mundo”, disse Al-Damati.

Independentemente da sua importância histórica e patrimonial, o Governo egípcio deposita uma grande expectativa nesta campanha, também com o objectivo de recuperar a imagem do país como destino turístico, bastante afectada tanto pela agitação política interna como pelo atentados jihadistas, como aquele que, em Outubro, provocou a morte dos 224 ocupantes de um avião charter russo que transportava turistas da estância balnear de Sharm el-Sheikh.

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