Paulo Azevedo garante que a Sonae voltou “a pôr o pé no acelerador”

Grupo assume a estratégia de “manter a liderança de preços baixos no mercado”.

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Paulo Azevedo considera que o grupo chegou “ao ponto que queria em termos de solidez financeira” NFactos

Atingida a solidez financeira pretendida, Paulo Azevedo, chairman da Sonae, deixou nesta quarta-feira a promessa de maior crescimento em 2016, ao afirmar que a empresa “está outra vez a pôr o pé no acelerador do investimento”.

Durante a apresentação das contas anuais, Paulo Azevedo, que também é co-CEO (comissão executiva) da empresa, disse que o grupo crescerá mais este ano do que em 2015, exercício em que as vendas aumentaram 0,8%, superando ligeiramente os cinco mil milhões de euros.

Segundo o gestor, o grupo chegou “ao ponto que queria em termos de solidez financeira” (a dívida liquida situou-se em 1293 milhões de euros) e que passou “muitos anos com pouco dinheiro”. Mas, agora, tem condições para "novas avenidas de crescimento", muitas delas em estudo nos últimos anos.

Considerando que “o cenário é relativamente benigno, apesar dos riscos geopolíticos crescentes” e da maior preocupação em relação ao Brasil, Paulo Azevedo admitiu que o investimento, que foi de 300 milhões de 2015, poderá subir de forma expressiva no corrente ano.

Entre as áreas de maior aposta estão as tecnologias ligadas ao retalho e a cibersegurança. Questionado sobre um possível investimento em Moçambique, na área do retalho alimentar, Paulo Azevedo não confirmou nem desmentiu, referindo apenas que há projectos que vão conhecer desenvolvimento em 2016.

Já sobre Angola, e depois da ruptura da parceria com Isabel dos Santos para o desenvolvimento de uma rede de hipermercados, Ângelo Paupério, co-CEO da Sonae, disse que o grupo não tem qualquer projecto na área do retalho alimentar para esse mercado.

Ao mesmo tempo que o grupo aposta em maior investimento, a Sonae diz que não vai descurar os principais negócios e admite "guerras interessantes" nas actividades em que já opera.

A palavra “guerra” e a expressão “reforçar as posições de liderança” foram usadas várias vezes na sessão da apresentação de contas, realizada na Maia e que contou com a presença, no novo auditório da sede, de Belmiro de Azevedo.

"A nossa opção estratégica é manter a liderança de preços baixos no mercado”, declarou Ângelo Paupério. Mas o gestor reconhece que a concorrência de preços tem um preço, que está reflectido nas margens: a margem underlying EBITDA (calculada pelo método de consolidação integral) na Sonae MC (área da distribuição) foi de 6,2%, abaixo dos 7% em 2014.

Apesar de admitir que não está a ser visível um aumento significativo do consumo em Portugal, que é bem mais expressivo em Espanha, e num dia em que a Sonae inaugurou mais um hipermercado Continente em Braga, Paulo Azevedo referiu que a aposta de crescimento passará fundamentalmente pela rede de lojas de conveniência e de ecommerce, nomeadamente nas insígnias Continente Bom Dia, Meu Super, Well's e Note!, algumas das quais fora de Portugal.

Na Sonae Sierra, que nos últimos anos tem estado muito focada em vender activos imobiliários, mantendo a gestão, a estratégia passa agora pela aceleração, no desenvolvimento de novos projectos de centros comerciais, a começar em Marrocos, mas também numa maior aposta na gestão de infra-estruturas externas ao grupo.

As telecomunicações, que para Ângelo Paupério continuam a ter uma “excelente performance”, são outro dos negócios onde a concorrência está ao rubro. Paulo Azevedo admitiu que ainda poderá haver novidades nos conteúdos (direitos televisivos) e Ângelo Paupério criou ainda maior suspense ao afirmar que “poderá haver notícias nessa área, apesar de estarem muito confortáveis com o ponto de partida”.

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