Trabalhadores do Museu do Côa denunciam “situação caótica”

Há visitas canceladas por falta de jipes, falta de segurança e linhas telefónicas cortadas, diz o representante dos trabalhadores da Fundação Côa Parque.

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“A situação está caótica, é essa a palavra correcta”, disse ao PÚBLICO o dirigente sindical José Pedro Branquinho, guia de arte rupestre e representante dos trabalhadores do Museu e Parque Arqueológico do Côa, descrevendo as consequências que o estrangulamento financeiro da Fundação Côa Parque está a provocar no funcionamento diário da instituição.

Com centenas de milhares de euros de dívidas acumuladas às Finanças, à Segurança Social e à banca, a penhora que obrigou a Fundação a encerrar na terça-feira a loja do Museu é apenas o último episódio de um filme que, para Branquinho, já dura há demasiado tempo. “É preciso responsabilizar o anterior Governo pela situação a que se chegou, e pela falta de um projecto, mas este Governo também já leva cem dias e ainda não apresentou solução nenhuma”, acusa Branquinho, adiantando que já no início de Janeiro pediu uma audiência ao ministro da Cultura, João Soares.

“Não há dinheiro para nada”, resume o representante dos trabalhadores, explicando que os jipes operacionais não chegam para as visitas. “Ainda agora a Universidade de Valladolid tentou marcar uma e não foi possível assegurá-la”, conta. Também o preocupa a redução drástica das equipas de segurança – “já saíram dez seguranças e estamos reduzidos a seis” –, para lá de vários outros sinais de penúria, como o facto de o Centro de Recepção de Castelo Melhor estar com a linha telefónica cortada.

Lembrando que a Fundação Côa Parque foi criada ainda no Governo de José Sócrates e que “nunca funcionou nem foi solução para nada”, Branquinho defende no entanto que o Governo não a deve agora extinguir sem antes assegurar os postos de trabalho às nove pessoas que esta contratou.

Já Pedro Bacelar de Vasconcelos, dirigente da Associação de Amigos do Parque e Museu do Côa e deputado socialista, manifesta a sua perplexidade pelo desinteresse da Fundação em procurar captar fundos europeus. “Numa situação de dificuldade em conseguir financiamento, é completamente insensato desperdiçar a oportunidade de inscrever o Parque e o Museu do Côa no Provere, resgatando-os de um processo de liquidação deliberadamente construído pelo Governo anterior”, disse Bacelar de Vasconcelos ao PÚBLICO, apelando ao Governo para “assumir as suas responsabilidades” e encontrar “urgentemente” uma solução para este património da humanidade.

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