Doutores Palhaços ajudam crianças internadas a esquecerem que estão num hospital, diz estudo

Dados da investigação da Universidade do Minho serão apresentados no próximo dia 21 de Março, no 1.º Encontro Internacional de Palhaços realizado em Portugal.

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Doutores Palhaços em acção no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. A ONV realiza visitas semanais durante 42 semanas por ano, aos 13 hospitais abrangidos pelo programa em Lisboa, Cascais, Sintra, Amadora, Almada, Porto, Coimbra e Braga Oxana Ianin

Mais de 90% das crianças internadas esquecem-se, por alguns momentos, que estão num hospital quando recebem visitas dos “Doutores Palhaços”. Além disso, estas visitas melhoram a aceitação e a eficácia dos medicamentos nas crianças hospitalizadas. Estes são alguns dados de uma investigação da Universidade do Minho que também deu origem ao livro Rir é o melhor remédio, que vai inaugurar o primeiro dia da iniciativa Healthcare Clowning International, organizada pela Operação Nariz Vermelho (ONV).

Entre outras conclusões, a investigação da academia minhota revelou que os resultados são “irrefutáveis” e que são os próprios profissionais de saúde que o reconhecem: 85% referem que as crianças colaboraram mais com os tratamentos ou exames e 73% sublinham que as crianças apresentam maiores e/ou mais rápidas evidências clínicas de melhora após contacto com os Doutores Palhaços. Também nas rotinas diárias se reflectiu a acção destes profissionais, tendo 65% das crianças apresentado melhorias na alimentação e no sono.

Em igual sentido, os pais e familiares das crianças mostram uma “satisfação evidente”. Entre os pais inquiridos no âmbito desta investigação, 99% afirmaram sentir gratidão pelo trabalho desenvolvido pelos doutores. Além disso, 98% consideram que os Doutores Palhaços são uma parte importante da equipa de cuidados das crianças hospitalizadas e 99% referem que gostariam que os doutores visitassem as crianças com mais frequência.

Este projecto de investigação, em desenvolvimento desde 2009, teve como principal objectivo avaliar o impacto dos Doutores Palhaços junto das crianças, adolescentes, familiares, profissionais de saúde e instituições e mostra os benefícios e o impacto que a intervenção destes profissionais desperta. Para Susana Ribeiro, coordenadora do Núcleo de Investigação da ONV, os resultados obtidos mostram as “evidências científicas” do trabalho que vem sendo desenvolvido. “Há muito que conhecemos este impacto e agora o Rir é o melhor remédio permite-nos partilhá-lo com a sociedade”, sublinhou.

“A produção do livro foi possível através do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), tendo como Estados doadores a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein. Em Portugal, a gestão destes fundos está a cargo da Fundação Calouste Gulbenkian.”, lê-se no comunicado avançado à imprensa.

Este será o 1.º Encontro Internacional de Palhaços que intervêm na saúde realizado em Portugal, onde será assinalado o 30.º aniversário desde que os artistas começaram a colaborar de forma regular com as instituições e profissionais de saúde. A Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, será palco desta iniciativa que decorre entre 21 e 23 de Março e pretende reunir os intervenientes e as associações de palhaços no contexto de saúde oriundos de países como Austrália, Japão, Argentina, Peru, Cuba, EUA, Canadá, Brasil, além de vários países europeus.

A Operação Nariz Vermelho, contabiliza a Lusa, realiza visitas semanais durante 42 semanas por ano aos 13 hospitais abrangidos pelo programa em Lisboa, Cascais, Sintra, Amadora, Almada, Porto, Coimbra e Braga. A equipa de artistas é constituída por 22 Doutores Palhaços e nos bastidores trabalham nove profissionais. Anualmente, a ONV visita mais de 40 mil crianças hospitalizadas.

Texto editado por Hugo Daniel Sousa

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