Pai preso preventivamente terá abusado de três filhas adoptivas

Uma das menores, com 13 anos, encontra-se no final de uma gravidez. Autoridades acreditam que pai adoptivo é o pai da criança

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Juiz de instrução determinou que suspeito aguardasse tramitação do processo em prisão preventiva Diogo Baptista

Um empreiteiro de Vila Real foi preso preventivamente esta semana por suspeitas de que terá abusado sexualmente das três filhas adoptivas, uma com 13 anos, outra com 15 e outra com 17. A mais nova foi retirada a esta família em Janeiro, altura em que chegou ao conhecimento do Ministério Público e da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Vila Real o facto de que estava grávida de seis meses e que havia suspeitas de que o seu pai adoptivo seria o pai da criança.

As autoridades decidiram retirar de imediato a menina à família, residente em Vila Real, e colocá-la num centro de apoio à vida, um tipo de instituição que tem como finalidade acompanhar e acolher grávidas adolescentes até aos 21 anos que precisam de apoio. Em Janeiro, a Polícia Judiciária de Vila Real começou a investigar as suspeitas de abuso sexual, nessa altura concentradas na menina de 13 anos, que frequentava um colégio católico na Régua.

Na sequência da investigação os inspectores chegaram à conclusão de que as outras duas menores também teriam sido abusadas pelo pai adoptivo, optando esta semana por retirá-las à família e coloca-las numa instituição de acolhimento. As três menores são irmãs naturais dos Açores, tendo sido adoptadas há uns anos pelo empreiteiro e pela sua mulher, uma professora universitária que dá aulas há mais de 20 anos na Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro.

A mãe adoptiva negou às autoridades a existência dos abusos, defendendo o marido e alegando que a gravidez da criança resultaria de um relacionamento desta com um colega de escola.

O suspeito foi detido na passada quarta-feira e nesse mesmo dia foi determinada a sua prisão preventiva. As autoridades têm sido particularmente cautelosas com as informações prestadas sobre este caso, tendo sido emitido anteontem, ao final do dia, um comunicado, pela procuradoria-geral distrital do Porto.

A nota dá conta de que na quarta-feira passada um suspeito foi detido e apresentado no Tribunal da Comarca de Vila Real, que o colocou em prisão preventiva. No despacho, o tribunal “considerou fortemente indiciada a prática pelo mesmo do crime de abuso sexual de criança agravado”. O comunicado adianta ainda que  o juiz de instrução que analisou o caso considerou “verificados os perigos de fuga, de perturbação do inquérito e de perturbação da ordem e da tranquilidade públicas”.

“Esta decisão acolheu o que fora promovido pelo Ministério Público, seja quanto às conclusões jurídico-penais a extrair da matéria fáctica, seja quanto à medida de coacção a aplicar”, lê-se na nota que nunca refere a idade das menores em causa. “Paralelamente a esta intervenção na área da acção penal e com ela relacionados, o Ministério Público, em articulação com a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Vila Real, promoveu procedimentos de promoção e protecção relativamente a três jovens do sexo feminino, no âmbito dos quais foram já aplicadas medidas de promoção e protecção”, relata a nota da procuradoria-geral distrital do Porto, sem referir expressamente que as menores se encontram institucionalizadas.

Contou a colegas
Segundo o PÚBLICO apurou, a menor mais nova já teria contado a vários colegas do Colégio Salesiano de Poiares, no concelho de Peso da Régua, que seria abusada sexualmente pelo pai adoptivo. Mas os colegas não valorizaram a denúncia.

O mesmo terá acontecido com o colégio, que, no passado, chegou a confrontar a mãe da menina com os alegados abusos sexuais. “Quanto é dado conhecer, tanto a aluna como a sua mãe, à data, negaram os factos junto da psicóloga do colégio, não havendo mais elementos que indiciassem os factos que agora se reportam”, garante, numa resposta escrita ao PÚBLICO, o presidente da Fundação dos Salesianos, Artur Pereira. O mesmo responsável adianta que “foi aberto um inquérito para apurar se há alguma omissão ou responsabilidade por parte de algum funcionário do colégio” e garante que a cultura desta congregação católica passa por “defender a dignidade, promover e proteger o superior interesse das crianças”.

Denúncia anónima
O caso terá chegado às autoridades por duas vias, praticamente em simultâneo: uma denúncia anónima; e uma participação do colégio que alertava para a gravidez da menor. Tal ocorreu depois de uma professora ter suspeitado da gravidez da criança durante uma aula de Educação Física. Já a denúncia anónima foi enviada para a GNR do Peso da Régua e para a comissão de protecção de crianças.

Dias antes de o caso ser descoberto, o pai terá levado a filha mais nova a uma clínica em Espanha para que fosse realizado um aborto. O avançado estado de gravidez da menina fez com que o plano saísse gorado, já que a clínica se recusou a interromper-lhe a gravidez. 

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