Obras no antigo Hotel Netto, Sintra, começam em Abril

Ruína foi arrematada, em hasta pública, por um milhão de euros e ali será criado um hotel de quatro estrelas com 34 quartos, incluindo três suítes.

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O projecto de reabilitação do antigo Hotel Netto, no centro histórico de Sintra, foi nesta quinta-feira adjudicado em hasta pública à empresa Restelo Azul, que pretende começar as obras em Abril, disse um representante da sociedade.

"Contamos começar as obras em Abril, queremos começar muito rapidamente. Agora, falta receber os projectos e temos de tratar da questão da licença", disse à agência Lusa António Paulino, procurador da empresa Restelo Azul, Exploração Turística, ligada ao empresário Carlos Saraiva.

O antigo Hotel Netto, situado no centro histórico de Sintra, distrito de Lisboa, foi arrematado através da única proposta apresentada à hasta pública, pelo valor de um milhão de euros, com vista à sua reabilitação e criação de um hotel de quatro estrelas com 34 quartos, incluindo três suítes, num total de 68 camas.

"O comprador quer começar as obras com rapidez, nós também queremos e, portanto, vamos acompanhar o contrato com todo o cuidado, porque aquela é uma zona muito nobre da nossa vila, que vai com certeza ser valorizada", afirmou o presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta (PS).

O empresário Carlos Saraiva, que deteve um importante grupo imobiliário e turístico, nomeadamente a cadeia hoteleira CS, que faliu e foi entretanto recuperada e integrada na Nau Hotels & Resorts, esteve presente na hasta pública, mas remeteu declarações sobre o negócio para o procurador da Restelo Azul.

"Sintra tem turismo o ano todo e portanto faz algum sentido mesmo no conceito ‘Wine & Books'. Não é propriamente uma primeira aventura, mas pronto, é um hotel pequeno", explicou António Paulino.

Segundo esclareceu, a "empresa familiar" está a desenvolver o conceito Wine & Books numa pequena unidade em construção em Lisboa, junto à Igreja da Memória, e também no Porto.

A empresa é detida pela ex-mulher de Carlos Saraiva e, admitiu o representante, o empresário "é uma pessoa que acompanha muito os projectos" da sociedade que vai recuperar o antigo Hotel Netto.

"É bom para a câmara, é bom para os munícipes e é bom para quem comprou, que pode fazer ali um hotel com uma grande rentabilidade e ao mesmo tempo uma grande valorização na melhor zona de Sintra", considerou, por seu lado, Basílio Horta.

O presidente da autarquia mostrou-se satisfeito por ter surgido um concorrente, que "ganhou, cumpriu os 20% de entrada e agora vai prosseguir com a obra".

"Estamos convencidos de que, quer quem comprou, quer a câmara, têm interesse em que tudo seja cumprido e tudo corra bem", frisou o autarca.

Para Basílio Horta, a ruína do antigo hotel "estava há anos a desfear completamente o palácio e aquela zona" e agora vai finalmente "ter um destino e ser reconstruída".

A Restelo Azul apresentou uma proposta pelo valor base de licitação de um milhão de euros, na modalidade de pagamento diferido, tendo-lhe sido adjudicada provisoriamente a venda mediante a entrega de 20% do montante da transacção, ou seja 200.000 euros.

A empresa terá agora de pagar 30% quando a unidade abrir portas e duas prestações de 25% aos seis meses e após um ano da entrada em funcionamento do novo hotel, beneficiando de isenção de taxas municipais relacionadas com a recuperação do edifício.

O edifício do século XIX, onde o escritor Ferreira de Castro escreveu parte da sua obra, que se encontra em ruína há décadas, foi adquirido pelo município em 2014, para ser adaptado a "hostel", mas a autarquia decidiu-se pela venda perante o elevado custo de manutenção da fachada.

O edifício, situado na "zona de protecção" do Palácio Nacional de Sintra e junto ao Hotel Tivoli, possui uma área bruta de construção de 1.789 metros quadrados (m2), um logradouro com 371 m2 e uma implantação de 459 m2, segundo a ficha de inventário da autarquia.

O município exerceu o direito de preferência na aquisição do Hotel Netto por 600 mil euros, numa decisão que não foi pacífica no executivo municipal, porque o imóvel ia ser adquirido pela sociedade de capitais públicos Parques de Sintra-Monte da Lua, onde a câmara detém 15% do capital.

 

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