BCE não chegou para segurar juros portugueses

Taxas de juro a dez anos foram as que mais subiram na zona euro desde Março de 2015.

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As taxas de juro da dívida pública portuguesa a dez anos foram as que, entre todos os países da zona euro, mais subiram desde 9 de Março de 2015, o dia em que o BCE deu  início ao programa de compra de dívida pública com que pretende reanimar a economia.

Há um ano, Portugal era precisamente o país que os analistas mais esperavam que pudesse beneficiar com as compras do BCE, tendo em conta o facto de as suas taxas estarem ainda relativamente altas. No entanto, as incertezas de ordem política a que se foi assistindo, o incumprimento em 2015 das metas orçamentais estabelecidas, a falência de mais um banco, as negociações complexas entre o Governo e as autoridades europeias em torno do Orçamento de 2016 e as opiniões negativas das agências de rating foram conduzindo a uma evolução das taxas de juro da dívida menos positiva do que a dos outros países da zona euro.

Isso não quer dizer que o BCE não tenha dado uma ajuda. É difícil não concordar com a ideia de que, sem o BCE a comprar dívida portuguesa no mercado, a evolução das taxas de juro teria sido, logo desde o início, muito mais negativa.

Para o futuro, a continuação das compras (que para já se prevê que dure pelo menos mais um ano) e um eventual reforço podem continuar a constituir um apoio fundamental para a capacidade de recurso a financiamento por parte do Estado português nos mercados.

Mas há riscos, sendo o principal e mais óbvio uma eventual perda do rating com nível de investimento que ainda é atribuído pela agência DBRS e que garante que o BCE pode continuar a comprar dívida portuguesa nos mercados.

A capacidade de o Estado obter financiamento no mercado ficou evidente na emissão de  1215 milhões de euros de dívida realizada esta quarta-feira. Ainda assim, as taxas de juro de 3,1% a dez anos e de 2% a cinco anos ficaram acima de anteriores emissões.

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