Ferro destaca Marcelo como Presidente “sintonizado com o país”

Presidente da Assembleia da República diz que Portugal “precisa de se voltar a reencontrar” e salienta os poderes formais e os da palavra e da influência do Chefe de Estado.

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Ferro Rodrigues com Marcelo Rebelo de Sousa e Cavaco Silva Nuno Ferreira Santos

As primeiras palavras e os primeiros actos de Marcelo Rebelo de Sousa “são um bom prenúncio” para a forma como poderá agir como Presidente da República. O elogio, feito numa forma de desejo, do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, focava-se ainda num Chefe de Estado “sintonizado com o país” para ser o “promotor das convergências de que Portugal tanto necessita”.

Ao “saber comunicar com o país, é um Presidente que vai saber comunicar com todos os órgãos de soberania, com todos os partidos políticos e com todos os parceiros sociais. Com todos, por igual”, acrescentou o presidente do Parlamento no seu discurso durante a cerimónia da tomada de posse de Marcelo.

Fero Rodrigues defendeu que “o país precisa de se voltar a reencontrar” e que em democracia “são normais e desejáveis as divergências ideológicas e as políticas alternativas”, mas o objectivo deve ser a união em torno do que é “estratégico”, através da coesão social, para enfrentar os “desafios estratégicos que bloqueiam o nosso crescimento colectivo”. “E isso só se consegue se remarmos para o mesmo lado”, avançou.

O socialista que é a segunda figura do Estado salientou que o Presidente da República, o Parlamento e o Governo “deverão unir-se estrategicamente na luta por uma Europa de valores, de convergência e de coesão”. E acrescentou que o “Presidente certo no momento certo” será sempre um Chefe de Estado que “se enquadra, com autonomia e afirmação, num novo ciclo de vida política democrática”.

Como presidente do Parlamento, Ferro Rodrigues não deixou de sublinhar que “a relação entre Governo e Assembleia da República não dispensa o papel do Presidente [da República]”. E que se a acção do Presidente “não se resume à cooperação” com estes dois órgãos de soberania, também “não se consolida sem ela”. Recordou que além dos poderes “formais” conferidos pela Constituição, o Chefe de Estado dispõe ainda de poderes informais “não menos importantes” que são “o poder da palavra e o poder de influência” – poderes “implícitos” do Presidente como lhes chamou há 20 anos Almeida Santos aquando da tomada de posse de Mário Soares (o único ex-Presidente que esta quarta-feira não marcou presença na cerimónia).

Em termos concretos, defendeu a necessidade da aposta na qualificação e na educação, na política de investimentos, na inovação, sustentabilidade dos sistemas de saúde e segurança social, incentivos à natalidade, respeito pelo mundo do trabalho e da necessidade de concertação em relação à Europa.

Eduardo Ferro Rodrigues teve ainda palavras para Aníbal Cavaco Silva – “um grande protagonista político da nossa democracia” que demonstrou “espírito de serviço público” no desempenho das funções, sublinhou, acompanhado por uma salva de palmas da audiência.

Depois de se ter enganado olhando para Cavaco Silva ao dizer “a partir de hoje, Vossa Excelência, Marcelo Rebelo de Sousa, é o Presidente de todos nós, Presidente de todos os portugueses” e provocando risos na assistência, o presidente do Parlamento desejou as “maiores felicidades no mandato”. “Os seus sucessos serão os nossos sucessos – os sucessos de Portugal, os sucessos dos portugueses.”

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