PSD de Lisboa diz que caso de discotecas do Cais do Sodré é “motivo de preocupação”

Este é “mais um exemplo que o licenciamento indiscriminado de hotéis está a prejudicar o comércio”, diz vereador.

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A convivência entre a nova animação nocturna e os moradores do Cais do Sodré não tem sido a melhor Miguel Manso

A vereação PSD na Câmara de Lisboa defendeu nesta terça-feira que o despejo das discotecas Jamaica, Tokyo e Europa, no Cais do Sodré, é “motivo de preocupação”, por ser mais um exemplo do “licenciamento indiscriminado de hotéis” na cidade.

“No período antes da ordem do dia [da reunião camarária privada de hoje], fiz referência ao encerramento das discotecas no Cais do Sodré, chamando a atenção para o facto de continuar a não haver uma atenção adequada ao impacto que o licenciamento de hotéis está a ser na vida da cidade”, disse o vereador social-democrata António Prôa.

Falando à agência Lusa no final do encontro, o autarca vincou que este é “mais um exemplo que o licenciamento indiscriminado de hotéis está a prejudicar o comércio”, sendo ainda um “motivo de preocupação e de reflexão”.

A posição de António Prôa surgiu depois de os arrendatários Fernando Pereira (Jamaica e Tokyo) e Pedro Vieira (Europa) terem divulgado que o senhorio lhes comunicou a denúncia dos seus contratos de arrendamento, com efeito a partir de 14 de Abril, obrigando-os a deixar o prédio, localizado na Rua Nova do Carvalho.

Apesar de saber que “mais cedo ou mais tarde” haveria obras no edifício, reivindicadas pelos próprios há décadas, os responsáveis das discotecas contavam com “uma interrupção dos espaços ou um agravamento do valor das rendas”, sem terem de sair, de acordo com Fernando Pereira.

No seu entender, as discotecas podem manter-se em funcionamento durante e após a reabilitação.

Pedro Vieira, da discoteca Europa, considerou que em causa está um “negócio imobiliário muito grande”.

Na semana passada, os responsáveis pediram ajuda ao município, para não considerar “a qualificação do edifício como uma obra de remodelação profunda que obrigue à desocupação do locado”, indicou Fernando Pereira.

Questionada pela Lusa, a autarquia afirmou estar “em contacto com os intervenientes no sentido de ser encontrada uma solução”.

Já o advogado dos cerca de 30 proprietários do edifício, Diogo Tavares de Carvalho, esclareceu à Lusa que a denúncia do contrato de arrendamento, feita ao abrigo do Regime Jurídico das Obras em Prédios Arrendados, se deveu à necessidade de realizar “obras de reabilitação urbana profundas”.

O advogado adiantou que “o projecto prevê um espaço no mesmo local, com uma área idêntica à actual, destinada a uma das discotecas, pelo prazo e valor de renda que vierem a ser acordados entre proprietários e arrendatários”.

Entretanto, foi organizada através das redes sociais a manifestação “Vamos manter o Tokyo, o Jamaica e o Europa abertos”, que decorre no próximo dia 18 em frente aos estabelecimentos.

Na reunião privada desta terça-feira, o executivo municipal (de maioria PS) debateu ainda a criação de um novo hotel de três estrelas com 173 quartos junto ao Aeroporto da Portela, num edifício actualmente ocupado por escritórios.

O documento foi aprovado com os votos favoráveis do PS, Cidadãos por Lisboa (eleitos nas listas socialistas), PSD e CDS-PP e a abstenção do PCP.

O comunista Carlos Moura justificou o seu sentido de voto com o facto de esta não ser “uma das zonas críticas” com hotéis, mas recordou que o município ainda não apresentou o “estudo prometido” sobre o turismo na cidade.

 

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