Electrificação da linha do Minho avança até Viana do Castelo

“Só electrificação sem rectificação [do traçado] é pouco porque não reduz significativamente o tempo de percurso”, diz Álvaro Costa

Foto
A modernização da Linha do Minho deverá estar concluída em 2019, segundo o Governo. Paulo Ricca

A linha do Minho vai ser modernizada, mas nem por isso os comboios serão muito mais rápidos porque o investimento está concentrado apenas na electrificação e sinalização e não prevê alterações no traçado. Álvaro Costa, especialista em transportes, alerta que este projecto fica aquém do necessário para transformar a linha do Minho num verdadeiro corredor ferroviário entre o Porto e a Galiza que seja uma alternativa viável à rodovia.

“Só electrificação sem rectificação [do traçado] é pouco porque não reduz significativamente o tempo de percurso”, diz o professor da Universidade de Engenharia do Porto, que realizou um estudo sobre a linha do Minho.

A Infraestruturas de Portugal anunciou na semana passada o lançamento da empreitada de electrificação da linha do Minho entre Nine e Viana do Castelo com um valor base de concurso de 21,5 milhões.

Trata-se de electrificar a linha de via única, onde actualmente só passam comboios a diesel, numa extensão de 44 quilómetros. O prazo de execução é de 18 meses.

Esta é apenas a primeira fase de um projecto mais vasto que prevê a modernização desta linha até Valença. Segundo a Infraestrutuas de Portugal, o investimento terá um valor global de 83,2 milhões de euros, dos quais 59,2 milhões serão financiados por fundos comunitários.

O projecto prevê que em meados de 2018 já haja comboios eléctricos a circular até Viana do Castelo e que em inícios de 2019 estes cheguem a Valença.

Mais focada para o transporte de mercadorias do que o de passageiros, a modernização da linha do Minho inclui ainda a construção de estações técnicas (pontos de cruzamento) para comboios de 750 metros (actualmente o comprimento máximo das composições naquela linha é de 300 metros). As passagens de nível serão eliminadas e substituídas por pontes ou túneis e deverão ser construídas três novas estações: Midões, Afife e Cerveira-Norte.

O plano de investimentos da Infraestuturas de Portugal refere que a electrificação vai potenciar a redução do tempo de trajecto, mas instada pelo PÚBLICO a quantificar essa redução, a empresa não respondeu. Também a CP não respondeu em quanto estima que será a redução do tempo de percurso entre Porto e Viana do Castelo e entre Porto e Valença.

Álvaro Costa diz que só com a electrificação não se conseguirão aumentos de velocidade relevantes. “É preciso mais investimento na rectificação do traçado para se conseguirem ganhos substanciais no tempo de percurso e tornar a linha do Minho mais competitiva”, disse.

Já Câmara de Viana divulgou um comunicado onde se congratula com a electrificação da ferrovia que serve a cidade. “Vem de encontro a antigas reivindicações de autarcas, empresários e utentes da linha do Minho que, reiteradamente, têm reivindicado a sua modernização através de um movimento iniciado em Viana do Castelo”, diz o documento.

O comunicado recorda ainda que, em Junho de 2011, no início do governo PSD/CDS-PP, esteve previsto o encerramento da ligação ferroviária entre Porto e Vigo e que “graças a uma luta encetada pela Câmara Municipal e que grangeou os apoios dos empresários da euro-região, da CCDR-Norte e da Junta da Galiza, o processo foi revertido, tendo sido a modernização da linha do Minho considerada fundamental para servir cerca de dois milhões de habitantes dos dois lados da fronteira”.

Sugerir correcção
Comentar