Passos Coelho promete "promover um compromisso reformista"

Partido inicia "um novo ciclo na vida política portuguesa", disse o ex-primeiro-ministro, reeleito presidente do PSD com 95% dos votos.

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Pedro Passos Coelho Daniel Rocha

Pedro Passos Coelho prometeu “promover um compromisso reformista”, no sábado à noite, depois de serem conhecidos os resultados das eleições directas para presidente do PSD que ganhou com 95% dos votos e que disputou sem oposição.

Afirmando que começa agora "um novo ciclo na vida política portuguesa", com eleições autárquicas e regionais açorianas no horizonte, Passos Coelho afirmou: "A partir de hoje, o PSD inicia um novo ciclo na vida política portuguesa. Sendo o maior partido português com assento parlamentar, tendo vencido as últimas eleições legislativas, é também o maior partido da oposição, a quem compete fiscalizar o Governo e, na Assembleia da República, promover um compromisso reformista com o país que foi o que apresentei aos militantes e ao país."

De acordo com os dados divulgados por Calvão da Silva, presidente do Conselho de Jurisdição, Passos Coelho foi eleito com 22.161 votos, num universo de 23.271 votantes, dos 50.491 militantes sociais-democratas. Calvão da Silva sublinhou que esta "foi a maior votação alcançada em qualquer eleição com candidato único".

A liderança de Pedro Passos Coelho iniciou-se a 26 de Março de 2010, quando venceu as directas por mais de 61% dos votos, derrotando Paulo Rangel (34,44%), José Pedro Aguiar-Branco (3,42%) e Castanheira Barros (0,27%). Em 2012, Passos Coelho foi novamente eleito líder, com 94,65% dos votos, e em 2014 alcançou 88,89% dos votos.

PSD, alternativa ao populismo
Na sua declaração aos jornalistas, divulgada pela Agência Lusa, Passos Coelho considerou ser "fundamental que o país nos próximos anos possa ter uma alternativa a este Governo, que no essencial tem apresentado um programa de reversão, de desfazer o que o anterior Governo fez, de, no fundo, andar para trás, gerindo de forma populista e facilitista as aspirações dos portugueses".

Por oposição, o PSD é um partido "que não quer gerir o dia-a-dia, que não quer andar para trás, que não quer populisticamente procurar aquilo que é mais fácil ou mais demagógico", mas trazer, com "mais algum esforço, um futuro melhor" para as atuais e futuras gerações, argumentou.

Para Passos Coelho, as últimas semanas de campanha interna para as directas no partido, às quais foi o único candidato, permitiram "mostrar que PSD está vibrante, mobilizado e coeso em torno da sua liderança". E garantiu: “A eleição que hoje decorreu no PSD foi realmente uma eleição com uma grande participação e isso vai ao encontro daquilo que foi a campanha que desenvolvi durante os últimos 30 dias, e que procurou confrontar os militantes com a situação que o país vive nesta altura e, em particular, com as escolhas a ser feitas para futuro", disse.

Ciclo sem CDS
Inicia-se assim, um novo período da vida do PSD em que este partido voltará a ter vida política individualizada, depois de quatro anos de coligação governativa com o CDS. Agora Paulo Portas entregou a liderança do CDS a Assunção Cristas e promete abandonar o Parlamento. Já Passos Coelho quer continuar ao leme do PSD.

Os dois ex-parceiros estratégicos de Governo, que têm colado à pele a austeridade das políticas da sua governação, seguem agora rumos diferentes. A solução encontrada por António Costa para formar Governo atirou os dois partidos para a oposição, mas as estratégias dos dois ex-governantes passam por palcos diferentes.

O ainda líder do CDS, um partido que se confunde com ele próprio, pode vir a protagonizar uma candidatura presidencial. Assunção Cristas aprova a saída de cena do antigo jornalista, embora considere que é muito novo. “Acho que é bom para ele e é bom para o CDS que o Paulo Portas saia do Parlamento. Por uma razão muito simples, as razões que invocou para sair da liderança do CDS foi querer encetar um novo ciclo de vida”, afirmou ontem ao Diário de Notícias, a futura líder, que no próximo domingo será eleita presidente do partido no Congresso do CDS, em Gondomar. Cristas espera que Portas possa voltar um dia à política activa, quem sabe como candidato à Presidência da República.

Eleito pela quarta vez líder do PSD, Passos muda a agulha e puxa agora pela bandeira da social-democracia para acalmar alguns sectores do partido ao mesmo tempo que tenta descolar da imagem ligada à austeridade. Ao contrário do CDS, o PSD é um partido com dinâmica de poder e sendo um partido de poder, a questão que se coloca é saber se o líder aguenta estar muito tempo sem poder.

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