Há mais doentes com cancro operados fora do prazo legal

Secretário de Estado admite o recurso a hospitais privados para que os pacientes com tumores malignos não sejam prejudicados.

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O número de mortes por cancro registadas em 2014 é inferior ao do ano anterior Gonçalo Português

A percentagem de doentes com cancro que são operados após o chamado tempo máximo de resposta previsto na lei está a aumentar desde 2012, situação que preocupa os responsáveis do Ministério da Saúde, que admitem mesmo recorrer a hospitais privados pontualmente, para evitar que os pacientes com tumores malignos sejam prejudicados.

“Se verificarmos que nalguns casos o Serviço Nacional de Saúde [SNS] não consegue dar uma resposta em tempo útil, que ponha em causa a vida dos doentes, teremos abertura para contratualizar com os privados nesses locais e nessas situações”, assegurou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, citado pela agência Lusa, durante a apresentação do relatório Portugal -- Doenças Oncológicas em Números 2015.

Os dados do relatório divulgado esta quinta-feira em Lisboa indicam que há cada vez mais doentes com neoplasias malignas a ser operados nos hospitais públicos mas revelam também que a percentagem de doentes submetidos a cirurgias em prazos superiores aos tempos máximos de resposta garantidos (TMRG) passou de 15,8% do total (em 2013) para 16,8% (em 2014), tendo a mediana de tempo de espera subido para 28 dias, mais um dia do que no ano anterior. O  agravamento deste indicador verifica-se desde 2012.

Admitindo a preocupação com este fenómeno, Fernando Araújo sublinhou que vai ser necessário agora “perceber as razões” destes resultados com cada um dos hospitais. “Não é possível nem desejável que o SNS não responda a estes casos prioritários, do ponto de vista oncológico, a tempo e horas”, enfatizou o governante para quem os cortes orçamentais não chegam para explicar esta situação, até porque há unidades – e deu o exemplo do hospital de São João (Porto) - onde também houve cortes e foi possível cumprir os tempos máximos de resposta.

Fernando Araújo comprometeu-se também a avançar ainda este ano com um rastreio nacional de base populacional para o cancro do cólon que, segundo o relatório, matou 2.687 pessoas em 2014. 

Pela positiva, o relatório prova que a taxa de mortalidade padronizada (descontando o efeito de envelhecimento da população) está a diminuir. O número de mortes registadas em 2014 é inferior ao do ano anterior, mesmo no cancro que mais mata em Portugal - o que atinge traqueia, brônquios e pulmões. 

com Lusa

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