Cristas rejeita responsabilidade directa em aumento da pobreza ligado a austeridade

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Assinção Cristas Pedro Cunha/arquivo

A candidata à liderança do CDS-PP, Assunção Cristas, recusou uma responsabilidade directa pelo aumento da pobreza, apontado por um relatório da Cáritas, argumentando que o anterior Governo não criou "a causa da austeridade".

"Eu só me poderia sentir directamente atingida e responsável se tivesse sido a criadora da causa da austeridade. Como não foi o anterior governo que criou o buraco em que estávamos metidos em 2011, o que eu posso lamentar é que se tenha chegado a esse ponto, que fosse necessário corrigir a trajectória com medidas que nenhum governo gosta de tomar", afirmou Assunção Cristas aos jornalistas, no final de uma visita à feira de turismo BTL.

A candidata à presidência dos centristas, que foi ministra da Agricultura do Governo PSD/CDS, reagia ao relatório anual da Cáritas divulgado esta quinta-feira, segundo o qual as medidas de austeridade foram responsáveis por "novas formas de pobreza que afetam agora as antigas famílias de classe média e as famílias de classe baixa", e que emergem de situações de desemprego e cortes salariais, principalmente na função pública, de aumento de impostos, de trabalho com baixas remunerações, aumento do trabalho temporário e não coberto pelas redes normais de segurança social.

"Se pudermos acelerar o crescimento económico, poderemos mais facilmente acelerar situações que são desconsoladoras para todos nós, mas isso não se faz com imprudência, não se faz com irresponsabilidade", argumentou.

Assunção Cristas disse temer "que este Governo, porque só olha para uma parte da história e não olha para o filme todo e para o passado que levou à bancarrota, venha a desguarnecer medidas de fundo, medidas que permitem criar emprego a médio e longo prazo e, essas sim, romper com ciclos de pobreza e permitir que as pessoas possam progredir na vida e ter mais rendimentos".

"Isso não se faz certamente com austeridade, faz-se com um país sólido, que não tem dívida excessiva, que pode ser capaz de libertar recursos para que a economia se desenvolva normalmente, que gere confiança para que se invista em Portugal", sustentou.

Assunção Cristas sublinhou que os ciclos de pobreza não se resolvem "apenas com um papel assistencialista e de transferências sociais": "Esse é um aspeto relevante, certamente, e tem de haver sempre uma rede de suporte, mas só com uma economia fulgurante conseguimos progredir nessa matéria de maneira definitiva", disse.

Acompanhada pelo ex-secretário de Estado do Turismo Adolfo Mesquita Nunes, Assunção Cristas visitou a BTL e fez um elogio à estratégia centrista naquela área económica, assente numa abordagem integrada, de promoção conjunta, por exemplo, do sector agroalimentar.

Quase a uma semana do 26.º Congresso centrista, Assunção Cristas reiterou que a sua moção pretende afirmar "linhas programáticas sólidas que façam o CDS aparecer aos olhos dos portugueses como uma primeira escolha", independente de eventuais parceiros de coligação, como o PSD.

A estratégia passa, simultaneamente por "ter as melhores pessoas, os melhores protagonistas" para mostrar uma "oposição séria, sólida, consistente e construtiva", apontou Cristas.

"O CDS estará preparado para qualquer contexto e qualquer momento. Quando chegar o momento para sermos chamados de novo às urnas estaremos preparados, como estaremos a trabalhar intensamente na oposição", declarou.

O 26.º Congresso do CDS realiza-se a 12 e 13 de março, em Gondomar. Assunção Cristas é até ao momento a única candidata a suceder a Paulo Portas, que dirige o partido desde 1998, com uma pausa de dois anos, entre 2005 e 2007 (presidência de José Ribeiro e Castro).

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