Petição online contra aumento de preços em Serralves

BE já questionou o ministro da Cultura sobre o novo tarifário, que agrava o preço das entradas e acaba com os bilhetes gratuitos para estudantes.

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Adriano Miranda

A recente alteração do tarifário da Fundação de Serralves, que aumentou os preços dos bilhetes, acabou com as entradas gratuitas para todos os estudantes e reduziu ao primeiro domingo de cada mês os dias em que se pode visitar o museu e o parque sem pagar, está a ser contestada através de uma petição pública na Internet, e já chegou ao Parlamento, com os deputados Jorge Campos e José Soeiro, do Bloco de Esquerda, a questionarem esta quarta-feira o ministro da Cultura, João Soares.

As alterações entraram em vigor no dia 1 deste mês e agravaram os ingressos no parque (de 4 para 5 euros) e no museu (de 8,5 para 10 euros), acabaram com as entradas livres aos domingos, exceptuado o primeiro de cada mês, e reservam agora o acesso gratuito aos menores de 12 anos, aos amigos de Serralves, detentores do respectivo cartão, e aos clientes do BPI, o principal mecenas da fundação.

Os estudantes, que até agora não pagavam nada, passam a ter 50% de desconto se estiverem a tirar uma licenciatura ou mestrado. E usufruem do mesmo desconto os jovens dos 12 aos 18. Em teoria, portanto, quem tiver, por exemplo, 21 anos e já não estudar, pagará um bilhete completo, a menos que possua o cartão jovem, que também dá 50% de desconto.

As medidas, que a directora-geral de Serralves, Odete Patrício, justifica com os cortes de 30% que a fundação vem sofrendo desde 2013 nos apoios estatais previstos, são duramente criticadas na petição Contra as Novas Tarifas de Serralves, que esta quinta-feira à tarde contava com um pouco mais de duas mil assinaturas. O criador da petição, Pedro Bragança, reconheceu, em declarações à agência Lusa, os sérios problemas de financiamento que Serralves enfrenta, cenário que considera “gravíssimo, porque a fundação é demasiado importante para a cidade, para a região e para o país”, mas defende que “é quase imoral traduzir este problema financeiro nos bilhetes para os estudantes”.

“Até 2012 tínhamos um orçamento de 9,4 milhões de euros, tivemos de cortar para 7,4 milhões, que é o valor de 2015, o que significa que Serralves teve de fazer um esforço de encolher os seus custos de uma forma muito violenta”, afirmou Odete Patrício à Lusa, acrescentando que a verba anual de 2,8 milhões obtida do Estado “paga os ordenados e mais nada”. E à revista Visão, a directora-geral de Serralves, que não quis falar com o PÚBLICO, não hesitou mesmo em admitir um cenário de encerramento: “Sem o BPI, fechávamos as portas”.

Os signatários da petição – que aparecem apenas identificados com um nome próprio e a inicial de um presumível apelido – duvidam de que estas alterações se traduzam em resultados financeiros significativos, mas argumentam que o seu impacto no número de visitantes do museu é “incalculável”, lembrando que, de acordo com o Relatório e Contas da fundação relativo a 2014, os detentores de títulos gratuitos representavam então 75% do total de visitantes. Odete Patrício concorda que o aumento “não vai resolver o problema”, mas acha que “ajuda”.

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