BdP reúne-se esta sexta com CMVM e Governo sobre lesados do papel comercial

Esclarecimento surge depois das críticas do primeiro-ministro à actuação do supervisor. Diogo Lacerda Machado vai representar o Governo na reunião.

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Banco de Portugal, liderado por Carlos Costa, alvo de duras críticas do primeiro-ministro. Enric Vives-Rubio

O Banco de Portugal (BdP) anunciou nesta quinta-feira que se realizará ainda esta semana uma reunião sobre os lesados do papel comercial do Grupo Espírito Santo, comercializado pelo BES. O encontro acontecerá na sexta-feira à tarde e contará, além do BdP, com a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e um representante designado pelo Governo.

O representante será Diogo Lacerda Machado, o ex-secretário de Estado de António Costa, quando foi ministro da Justiça. E também o escolhido pelo primeiro-ministro para liderar o processo de negociação com o consórcio que comprou a TAP, que terminou no início de Fevereiro com um acordo que dá ao Estado 50% do capital da empresa.

“A propósito de recentes notícias sobre a posição do Banco de Portugal em relação à situação dos investidores em títulos das sociedades Espírito Santo International e Rioforte, o Banco de Portugal informa que, ainda antes das referidas notícias, e na sequência de contactos estabelecidos com o representante designado pelo Governo, foi aceite e marcada, a pedido deste último, uma reunião entre o Banco de Portugal, a CMVM e o representante do Governo, a realizar esta semana”, refere o regulador no comunicado.

Este esclarecimento surge após as críticas do primeiro-ministro António Costa à actuação do BdP em relação aos lesados do papel comercial comercializado pelo BES. O primeiro-ministro acusou na quarta-feira o BdP de estar "a arrastar uma decisão" sobre os lesados do BES.

"Tenho de lamentar a forma como a administração do Banco de Portugal tem vindo a arrastar uma decisão sobre esta matéria, a impedir que rapidamente a solução proposta pelo Governo e aceite pela maioria dos lesados do BES pudesse estar já implementada", afirmou o primeiro-ministro, citado pela Lusa.

Já esta quinta-feira, à saída de um encontro com o presidente da Comissão Europeia, o primeiro-ministro português reafirmou, ainda segundo a Lusa, o desejo de o BdP não adiar por "mais tempo aquilo que é o mínimo num Estado de Direito", no qual "é absolutamente necessário assegurar a todos os cidadãos que os seus direitos e as suas pretensões sejam apreciadas e os seus direitos sejam protegidos".

O papel comercial das empresas do Grupo Espírito Santo foi vendido pelo Banco Espírito Santo, alegadamente, como produto sem risco, pelo que os lesados exigem o seu pagamento ao Novo Banco, que nasceu da cisão do BES (em banco bom e banco mau).

Em causa estão cerca de 2500 clientes, com aplicações que ascendem a 500 milhões de euros.As empresas emissoras do papel comercial, a ESI, a Rio Forte e a ESPART encontram-se em processo de liquidação. Com Luís Villalobos

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