Intervenção no antigo liceu Camões vai avançar este ano, garante ministério

Director surpreendido com anúncio que desconhecia, Associação de pais alertou para o estado de degradação do edifício que coloca “em risco a segurança das cerca de duas mil pessoas que diariamente frequentam o estabelecimento”.

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O antigo liceu foi classificado como monumento de interesse público Rui Gaudêncio

O Ministério da Educação (ME) garantiu nesta terça-feira ao PÚBLICO que ainda este ano “irá dar-se início ao projecto de intervenção” na Escola Secundária Camões, em Lisboa. A associação de pais entrega na tarde desta terça-feira, no Parlamento, uma petição, com cerca de quatro mil assinaturas, em prol de uma “intervenção urgente” naquela escola, inaugurada em 1909 e que se encontra há muito sem quaisquer obras, o que coloca “em risco a segurança das cerca de duas mil pessoas que diariamente frequentam o estabelecimento”.

Segundo o ME, a reabilitação da Escola Secundária Camões “foi já identificada como prioritária” pela actual tutela, estando previsto que ainda em 2016 se proceda “à fase de estudos e projectos de arquitectura”. O ministério refere ainda que existe “fonte de financiamento assegurada” para esta fase. Quanto ao início das obras propriamente ditas o ME informa que estará dependente da "tramitação" deste processo e da adjudicação posterior da empreitada.

Em declarações ao PÚBLICO, o director da Escola Secundária Camões, João Jaime, mostrou-se surpreendido com este anúncio, referindo a propósito que ainda não recebeu qualquer informação do ministério sobre o início da intervenção.

 “Pedimos uma reunião ao novo ministro a 4 de Dezembro, que tem vindo sempre a ser adiada”, afirmou, para acrescentar que falou também sobre a situação a escola durante a reunião que Tiago Brandão Rodrigues teve com os directores da região de Lisboa, no passado dia 5. “Foram totalmente evasivos nas respostas”, informou.

João Jaime faz parte da delegação que será recebida esta tarde no parlamento para entrega da petição pública lançada pela associação de pais em Setembro do ano passado.

O antigo liceu Camões foi classificado, em 2012, como monumento de interesse público, uma protecção que não se traduziu até agora em qualquer intervenção com vista à sua recuperação. O início das obras na escola, situada no centro de Lisboa, chegou a estar programado para Agosto de 2011, no âmbito do programa de modernização desenvolvido pela empresa pública Parque Escolar, mas foi suspensa pelo anterior ministro Nuno Crato, no âmbito da contenção de despesas imposta pelo programa de assistência financeira a Portugal.

No texto da petição, a associação de pais lembra que, nos últimos quatro anos, fez sucessivas interpelações ao anterior Governo, aos grupos parlamentares e às entidades camarárias, sem que, até ao momento, tenha havido “qualquer indicação da verba a alocar e da data para a sua concretização”. “O silêncio tem sido ensurdecedor”, acusa.

Numa mensagem enviada nesta segunda-feira à comunicação social, a associação alerta que, mais uma vez, “não se afigura que a verba necessária para a reabilitação seja inscrita” no Orçamento do Estado para 2016. Esta é a exigência expressa na petição: que as obras avancem ainda este ano lectivo.

O antigo Liceu Camões, da autoria do arquitecto Ventura Terra, é considerado “uma referência da arquitectura escolar da época, contribuindo para desenhar uma cidade mais moderna”, refere-se na nota que explica a sua classificação como monumento de interesse público.

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