Passos Coelho diz que aumento dos combustíveis "não faz sentido"

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Passos Coelho diz que os funcionários públicos não estão sujeitos a um esforço superior ao que lhes foi exigido de 2012 enric vives-rubio

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, disse esta sexta-feira, em Torres Vedras, que não faz sentido aumentar o preço dos combustíveis, alertando para os impactos negativos sobretudo nos transportes, na agricultura e nas empresas exportadoras.

"Pede-se às pessoas que paguem mais impostos para que o Estado lhes dê mais dinheiro. Não tem uma grande explicação racional em termos económicos, não faz sentido, excepto para evitar dizer aos portugueses aquilo que deveria ser dito: a nossa recuperação não se pode fazer da noite para o dia, nem de um ano para o outro", afirmou Pedro Passos Coelho.

"O nível de aumento do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) é muito intenso", acrescentou, à margem de uma visita a uma exploração hortofrutícola na freguesia de A-dos-Cunhados, no concelho de Torres Vedras.

O social-democrata alertou que "de um modo geral os portugueses, quer andem de automóvel ou não, acabarão por suportar o custo mais elevado que os combustíveis representarão" e que o aumento do ISP vai ter "consequências no crescimento económico".

Rodeado de agricultores, Passos Coelho sublinhou que a agricultura é um dos sectores que vão ser mais penalizados por este aumento.

"O gasóleo verde, que há vários anos estava isento de qualquer alteração do imposto sobre os combustíveis, vai ser aumentado em cerca de metade do que existe para todos os combustíveis, o que significa que nos próximos anos a agricultura portuguesa será menos competitiva", explicou, perante agricultores.

Além de discordar do aumento do preço do gasóleo verde, Passos Coelho defendeu que a explicação dada pelo Governo para esta alteração - "para tirar mais partido dos fundos europeus, o Estado precisa de aumentar a contrapartida nacional e, nessa medida, vai buscar aos agricultores para devolver aos agricultores" - "não é racional, não se percebe".

Já em relação às empresas de transportes, o líder social-democrata e recandidato ao cargo disse que as preocupações da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) são "justificadas".

Passos Coelho destacou também as consequências para as empresas de exportação, defendendo que, em resultado dos aumentos dos combustíveis, "os produtos portugueses tenderão a ser menos competitivos do que eram antes, na medida em que estão agravados por outros custos que não podem deixar de ser reflectidos nos preços".

A portaria que determina o aumento do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) em seis cêntimos por litro na gasolina sem chumbo e no gasóleo rodoviário e três cêntimos por litro no gasóleo verde entrou hoje em vigor.

O Governo justifica a decisão com o objectivo de "ajustar o Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) à redução do IVA cobrado por litro de combustível, atendendo à oscilação da cotação internacional dos combustíveis e tendo em consideração os impactos negativos adicionais causados pelo aumento do consumo promovido pela redução do preço de venda ao público".

Na portaria, é também determinado um aumento de três cêntimos por litro no imposto aplicável ao gasóleo colorido e marcado (gasóleo verde ou agrícola).

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