No almoço, nesta sexta-feira, com a chanceler alemã Angela Merkel, o primeiro-ministro António Costa falará de “relações bilaterais, questões políticas europeias e internacionais e matérias relativas às migrações e refugiados”. Esta é a informação que faz parte da agenda oficial. No fim, haverá uma conferência de imprensa. Em Bruxelas considera-se que falar do orçamento será inevitável.

Ao PÚBLICO, o primeiro-ministro já disse que acredita que até quinta-feira, quando a proposta de orçamento será fechada em Conselho de Ministros, estará “tudo resolvido com a Comissão Europeia (CE)” – se assim for, no dia seguinte a proposta segue para o Parlamento – e que no encontro com Merkel o orçamento não estará em causa.

Mas a Comissão Europeia ainda pode até sexta-feira apresentar um relatório, se considerar que Portugal se encontra em “incumprimento sério”. E isto significa que o país teria três semanas para apresentar uma versão revista do esboço de orçamento.

Nos executivos de José Sócrates e de Passos Coelho, os encontros com Merkel também aconteceram em momentos-chave. Em Março de 2011, depois de uma reunião de 45 minutos, a chanceler afirmou que Portugal estava a tomar as medidas de austeridade “correctas”, que “os esforços de Lisboa” eram “corajosos”; Sócrates afastava um pedido de ajuda, dizendo que “Portugal tem condições para resolver os seus problemas sozinho”. Sabe-se o que se seguiu: o PEC IV acabou chumbado, o país foi para eleições e pediu ajuda externa.

Três anos depois, Passos Coelho foi a Berlim em vésperas do final do programa de ajustamento. Houve novamente conferência de imprensa. E novamente aos jornalistas Merkel disse que Portugal estava “no caminho certo”. E o que se temia na altura, um segundo programa de ajuda, acabou por não acontecer.