Voto útil em Nóvoa e "kms de avanço" de Marcelo abafaram Edgar

PCP vai assumir o prejuízo financeiro da campanha de Edgar Silva. Jerónimo de Sousa garante empenho no acordo com o PS e admite que tem havido “contribuições” comunistas na elaboração do Orçamento do Estado para 2016.

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O PCP chegou esta terça-feira a uma explicação para o desaire eleitoral de domingo, em que Edgar Silva ficou em quinto lugar, com apenas 3,95%: por um lado, os militantes entenderam que o objectivo de Edgar Silva de derrotar o candidato da direita se podia concretizar através do voto útil em Sampaio da Nóvoa e, por outro, houve uma “insistente proclamação antecipada da vitória de Marcelo Rebelo de Sous".

Os resultados das presidenciais foram analisados na reunião do Comité Central desta terça-feira, que concluiu que “muitos democratas e patriotas” entenderam o apelo para derrotar o candidato da direita “como uma expressão do seu voto na candidatura de Sampaio da Nóvoa na primeira volta, antecipando aquilo que apenas se colocaria na segunda volta, e afectando assim o resultado de Edgar Silva".

Ao início da noite, na conferência de imprensa sobre a reunião (que ainda decorria), Jerónimo de Sousa falou, como é seu costume, no “panorama mediático desigual e de promoção e favorecimento de outras candidaturas”. Marcelo, disse, “partiu com quilómetros de avanço”, com as “muitas horas em horário nobre na televisão” desde há longos anos. “Há quem diga que não fez campanha, que não foi às questões de fundo. Bastava comer um bolo e dar uma trincadela numa sandes e era notícia. E não era questionado sobre nada, ao passo que esta candidatura [de Edgar] todas as semanas encontrava perguntas difíceis”, comparou o líder comunista. “Há de facto discriminação”, vincou.

O secretário-geral do PCP recusa qualquer análise comparativa entre os resultados das legislativas de Outubro e as presidenciais de domingo. “É um erro mimético querer considerar igual o que é diferente”, defendeu o secretário-geral do PCP dando como exemplo que no domingo, em S. João da Madeira onde se repetiam as autárquicas ao mesmo tempo que se votava para as presidenciais, Edgar Silva teve pouco mais de 200 votos e a CDU teve “700 e tal” para a câmara. “Não vale a pena fazer comparações de coisas que não são comparáveis.”

Nesse sentido, também recusou que o fraco resultado possa fragilizar a posição do PCP dentro do acordo com o PS. “São coisas diferentes”, insistiu, garantindo que a “postura perante o Governo PS continuará a ser pautado pela seriedade, coerência e respeito pelos conteúdos aprovados no acordo”. AS GOP – Grandes Opções do Plano e o orçamento estão a ser “examinados e avaliados”. Questionado pelo PÚBLICO, Jerónimo admitiu que o PCP deu “contribuições” para o documento.

Sobre o facto de o resultado eleitoral não permitir que Edgar Silva receba qualquer subvenção para os gastos da campanha e perante um prejuízo que poderá ascender a mais de 372 mil euros, o PCP vai “assumir a responsabilidade até ao fim”, adiantou também Jerónimo de Sousa

Depois de no domingo à noite ter deixado no ar uma crítica a outras candidaturas dizendo que o PCP podia “apresentar um candidato ou uma candidata assim mais engraçadinha, com um discurso ajeitadamente populista” para aumentar o número de votos” e que gerou controvérsia, Jerónimo de Sousa veio agora retratar-se alegando que “não estava a pensar em ninguém em concreto”. “Se alguém se sentiu ofendido, retiro o que disse; já cá não está quem falou. Foi uma imagem em sentido geral. Parece que alguém enfiou a carapuça; se assim entendem, fiquem descansados que eu retiro o que disse.”

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