O que mudou nas empresas que integram o fórum para a igualdade?

A maior parte das medidas são na área da conciliação da vida familiar com a vida profissional. Mais de 50% das empresas que no ano passado integraram o grupo apresentam pelo menos 30% de mulheres em cargos directivos.

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Alcançar a paridade de género no mercado de trabalho incrementará o PIB, nos próximos 20 anos, em 12% nos países desenvolvidos, diz a OCDE Adriano Miranda

A divulgação de mecanismos de denúncia de situações de assédio. A adopção de planos de formação específicos para mulheres, “com prioridade para as de elevado potencial”. A monitorização de hiatos salariais. A linguagem utilizada nos documentos institucionais (uma linguagem mais “inclusiva”). Mas, sobretudo, medidas de conciliação de vida profissional e familiar, como a possibilidade de sair mais cedo, um dia por semana, no Verão, quando as crianças estão de férias. Estes são exemplos de mudanças verificadas em algumas das empresas que integram o Fórum de Empresas para a Igualdade — promovido pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE). O balanço foi feito nesta terça-feira.

São agora 39 as organizações representativas de diferentes sectores da economia nacional que integram o grupo, fundado em 2013 por 21 empresas, entre as quais as administrações de vários portos de Portugal, os hipermercados Auchan, os CTT ou a EDP.

Nesta terça-feira, juntaram-se-lhes 11 novas organizações, como o Banco de Portugal, a EMEL ou a Siemens. Com assinatura dos novos protocolos “as organizações acordam desenvolver acções de promoção de igualdade de género, assumindo compromissos de melhoria em dimensões que incorporam os princípios da igualdade e da não discriminação entre homens e mulheres”, lê-se num comunicado da CITE, um órgão colegial que integra membros de diferentes ministérios, associações sindicais e patronais.

Segundo o relatório de balanço do Fórum, relativo ao ano passado, “mais de 50% das empresas” que integravam o grupo apresentam agora “mais de 30% de mulheres em cargos directivos”.

O relatório conclui ainda que se verificou “a implementação de 83% das medidas que foram apresentadas como compromisso de progresso em matéria de igualdade de género” e que a maior fatia (36%) destas se inserem na dimensão conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, alcançar a paridade de género no mercado de trabalho incrementará o PIB, nos próximos 20 anos, em 12% nos países desenvolvidos — também isso é lembrado no relatório.

Em Portugal, contudo, a disparidade salarial entre homens e mulheres tem aumentado, em desfavor das mulheres. Era de 8,5% em 2007 e passou a 13% em 2013, último para o qual a Pordata disponibiliza dados — sendo que em actividades relacionadas com a “saúde humana e apoio social” elas chegam a ganhar menos 30% do que eles e nas actividades artísticas, desportivas e recreativas a diferença supera os 50%.

De resto, as mulheres ocupam cerca de 20% dos lugares nos conselhos de administração das empresas cotadas em bolsa dos países da União Europeia (dados Comissão Europeia). Em Portugal, essa percentagem fica-se pelos 9%.

No final do ano passado, após a discussão no Conselho de Emprego e Política Social, em Bruxelas, da directiva sobre a representação das mulheres nos conselhos de administração das firmas cotadas, que tem como objectivo aumentar essa presença para 40% dos lugares não executivos ou 33% de todos os lugares, até 2020, a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino, fez saber que “o Governo português é favorável à adopção da medida de 33% em todos os lugares dos conselhos de administração das empresas cotadas”.

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