"O canto em Portugal resolve-se”

O maestro João Paulo Santos afirma que é preciso encontrar rapidamente um director artístico para o São Carlos.

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Enric Vives-Rubio

Actualmente, há óperas com elenco totalmente em português normalmente uma vez por temporada, mesmo que seja só em versão concerto. As últimas foram Candide, de Leonard Bernstein (versão concerto), em Janeiro de 2014, e Il Cappello di Paglia di Firenze, de Nino Rota, em Outubro de 2013.

O maestro João Paulo Santos, director de estudos musicais do Teatro Nacional de São Carlos, provoca "estas aventuras" porque sempre achou que a sua função é consolidar a carreira dos cantores portugueses. “É a única maneira de conseguir que haja cantores em Portugal e que o nível suba. Isso vê-se, está a subir imenso. Só pode ser feito com trabalho. Tem que passar pelo São Carlos porque não há mais nenhum teatro de ópera.”

Para o maestro, "o problema do canto em Portugal resolve-se". E nem sequer precisamos de falar de muita gente. “Se houvesse durante o ano três ou quatro produções como esta, havia trabalho para toda a gente e automaticamente era feita a evolução e a selecção natural em relação ao canto.”

Mas com um teatro que só tem orçamento para fazer seis óperas por ano, seria uma coisa “absolutamente impensável” tantas produções com elencos nacionais. “O público também tem direito a ver os grandes artistas e ter outro tipo de experiências.”

João Paulo Santos faz parte do grupo de peritos que apresentou este mês ao ministro da Cultura uma lista de nomes com o perfil que considera adequado para o cargo de director artístico do teatro, vazio desde 2013. O grupo, de que também faz parte a maestrina Joana Carneiro ou o director do Serviço de Música da Gulbenkian Risto Nieminen, fez a escolha a partir de 15 candidaturas apresentadas a uma consulta internacional lançada no início de Outubro ainda pelo anterior Governo. A sua recomendação, que não é vinculativa, é apenas a primeira fase de um processo de escolha que caberá à tutela. A shortlist não foi divulgada publicamente.

Perguntamos a João Paulo Santos se espera que a ausência de direcção artística se resolva em breve? “Tem que se resolver em breve. Não podemos continuar a viver assim. Devíamos ter alguma estabilidade. Tem sido sempre um salvar das situações. A casa deve ser muito boa e resistente, porque conseguimos nunca parar e cumprir com os calendários que estavam previstos com quase nada de dinheiro. Mas isso são os tempos que correm e temos que pensar com eles e não contra eles.”

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