Presidente eleito quer governo eficaz e oposição activa

Marcelo não teve dirigentes do PSD na noite eleitoral e prometeu ser "livre e isento"

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Marcelo: “Temos de ser capazes de crescer de forma sustentada” Miguel Manso
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O Presidente da República eleito compromete-se em “fazer pontes” e incentivar o “frutuoso relacionamento” entre órgãos de soberania e os agentes políticos. Marcelo Rebelo de Sousa repetiu o discurso pacificador que fez em toda a campanha, no átrio da faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que se encheu de apoiantes anónimos. Sem dirigentes do PSD (só o CDS tinha figuras com mais responsabilidades), o Presidente eleito lançou o seu desígnio: “É a hora de refazer Portugal”.

Num discurso de cerca de 15 minutos, Marcelo deixou as “quatro marcas” que pretende que sejam as do seu mandato nos próximos cinco anos. Tal como sempre disse na campanha eleitoral, a estabilidade política é uma prioridade. “O Presidente da República é o primeiro a querer que o Governo governe com eficácia e com sucesso. É indispensável que a oposição seja activa e representativa porque no seu escrutínio se faz a força da democracia”, afirmou. Logo depois recomendou cautela, quando se referiu à necessidade de conciliar as medidas de “justiça social” e a consolidação financeira. “Temos de agir com prudência para minimizar os riscos dispensáveis. Temos de ser capazes de crescer de forma sustentada. Mas temos de fazer tudo isto sem comprometer a consolidação financeira pela qual os portugueses se sacrificaram tanto”, disse, numa altura em que o Governo de António Costa se prepara para apresentar o Orçamento do Estado no Parlamento.

Depois de o ter proposto como candidato, Marcelo assume-se como o Presidente que quer unir politicamente os que estão em lados opostos e quer ser um promotor de consensos:  “Tudo farei para unir aquilo que as conjunturas dividiram, aproximando, fazendo pontes, cicatrizando feridas”. Sublinhou a necessidade de “reforçar a coesão social” e não dispensou uma referência ao Papa Francisco quando disse que iria olhar pelos “mais pobres, pelos que vivem na periferia da cidade”.

Ao espaço improvisado para a noite eleitoral não acorreram figuras com responsabilidade do PSD. Estiveram os ex-membros do Governo Rui Machete, Teresa Morais e António Leitão Amaro bem como alguns deputados. Do CDS, o outro partido que recomendou o voto em Marcelo, estiveram o porta-voz, Filipe Lobo d’ Ávila e o vice-presidente da bancada, Telmo Correia. Esse afastamento do partido oficial reflectiu-se no discurso quando o Presidente eleito saudou “os grupos de cidadãos, movimentos e partidos que recomendaram o voto”. E aproveitou para sublinhar que, tal como assumiu na sua candidatura independente, quer ser um “Presidente livre e isento”, comprometendo-se a “servir todos os portugueses por igual sem distinções nem discriminações”. O seu discurso foi várias vezes interrompido por aplausos dos apoiantes, sobretudo, quando o chefe de Estado eleito falava em pacificação. Sem euforias, o ambiente foi animado ao longo da noite, sobretudo, a partir do momento em que as televisões divulgaram as previsões que atribuíam ao candidato a vitória à primeira volta. No final do discurso, Marcelo encaminhou-se para uma sala e esteve com o seu irmão e sobrinhos-netos.

O distanciamento partidário foi também, em parte, partilhado pelos líderes do PSD e CDS que recomendaram o voto no candidato. O líder social-democrata Passos Coelho felicitou Marcelo pela vitória como o “PSD desejava” e lembrou que o papel do chefe de Estado é estar para além dos partidos, numa relação de colaboração "de acordo com os princípios do que constitucionalmente cabe a um Presidente da República". Também o líder do CDS-PP, Paulo Portas, se congratulou com a vitória, lembrando que os portugueses escolheram o “equilíbrio político” em vez da concentração de todos os poderes “numa só área política”.

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