Marcelo avisa que OE não pode discriminar portugueses

Candidato diz que próximo Orçamento do Estado é um "objectivo nacional".

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Marcelo diz que a campanha foi um reflexo de si próprio Miguel Manso

As subvenções vitalícias aos políticos serviram a Marcelo Rebelo de Sousa para deixar um recado ao Governo: “Espero firmemente que o próximo Orçamento do Estado encontre uma solução que garanta que não há portugueses de primeira, segunda e terceira.” O candidato dramatiza sobre a proposta orçamental: não é apenas um teste ao Governo, é um "objectivo nacional".

Numa sessão pública nesta quinta-feira à noite, no Porto, Marcelo trouxe a lume as subvenções vitalícias que têm marcado a campanha nos últimos dias. E perante alguns sociais-democratas, que estavam na plateia do Teatro do Campo Alegre, afirmou discordar de “iniciativas de deputados do PSD, “deixando a dúvida se estavam a defender a Constituição ou o fim do sacrifício imposto a alguns políticos quando os portugueses ainda estavam a fazer sacrifícios”. Reafirmou ser contra a decisão do Tribunal Constitucional, lembrando que há pouco tempo publicou um acórdão sobre os complementos de reforma dos trabalhadores de empresas públicas que foi em sentido contrário.

“Fica a sensação, de fora, que há dois pesos e duas medidas. Espero firmemente que o próximo [orçamento] encontre uma solução que garanta que não há portugueses de primeira, segunda e terceira”, avisou, deixando ainda um alerta sobre os efeitos das decisões e as "suspeições" criadas em torno dos políticos. É preciso esclarecimento, sustentou, apontando mais um exemplo: a verba com que Portugal vai contribuir para um Fundo de Crise da Síria é muito semelhante à que foi paga pelo Estado português por um faqueiro de Dom João V. Em ambos os casos, a decisão já foi assumida pelo actual Governo.

“O problema não estava na compra do faqueiro mas no facto de a quantia ser quase a mesma”, disse, admitindo que a situação podia dar a “ideia errada”. "Os políticos que fazem política têm que justificar o que fazem", advertiu.

Numa sala com capacidade de 390 lugares — e que não encheu —, Marcelo reforçou a ideia da necessidade de aprovar um Orçamento do Estado para 2016. “Tem de ser um equilíbrio entre medidas sociais imperiosas por sectores afectados pela crise e a preocupação de não haver derrapagem financeira. Esse é um grande objectivo nacional, não porque haja troika ou não haja troika, temos que compatibilizar a justiça financeira com justiça social”, afirmou, para dramatizar ainda mais: “Isso é um teste, não a um partido, não a um Governo, mas a todo o país.”

Com uma intervenção de cerca de 48 minutos, o antigo comentador político gastou boa parte do discurso a justificar o seu modelo de campanha, referindo-se à grande frequência com que entrou em pastelarias. Marcelo assegura que a campanha é apenas um reflexo de si próprio, que agora foi copiado por outros. “Eu depois via-os a comer bolos pelo país, uns mais do que outros, é verdade. Afinal não é nada de grave”, disse, fazendo rir a assistência.

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