Hospital Santa Maria nunca foi contactado pelo São José no caso de David Duarte

Caso de David Duarte que morreu a 14 de Dezembro após sofrer um aneurisma foi discutido esta terça-feira na comissão parlamentar de Saúde.

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O presidente de Santa Maria garantiu esta terça-feira que o seu hospital nunca foi contactado por São José para receber o jovem que morreu com um aneurisma, apesar de inicialmente ter tido a informação de que recusou ajuda que lhe foi pedida. Ouvido na comissão parlamentar de Saúde, a pedido do PCP, Carlos Martins explicou que pôs imediatamente o lugar à disposição porque foi contactado pelo ministro que lhe disse que "o presidente da Administração Regional de Saúde [ARS] se demitiu e que havia outras duas pessoas na mesma situação" [os presidentes dos hospitais de Santa Maria e São José].

O caso de David Duarte, que morreu na madrugada de 14 de Dezembro após ter dado entrada no São José com um aneurisma roto, está hoje a ser apreciado na comissão parlamentar de saúde. O presidente do conselho de administração do Hospital de Santa Maria entendeu então deixar total liberdade ao ministro para tomar as medidas que entendesse necessárias.

Até porque, acrescentou, nesse dia [22 de Dezembro] "ao final de tarde, os dados disponíveis pelo ministro eram de que Santa Maria tinha sido accionado e não tinha respondido". Carlos Martins terá tomado por boa essa informação, mas à noite (nesse mesmo dia), o director de serviço disse-lhe "que Santa Maria não tinha disso accionado", facto de que o presidente do Conselho de Administração disse ter provas.

O responsável deu ainda a entender que teria tido resposta para o jovem se tivesse sido contactado, já que desde 2008 aquele hospital dispõe de um sistema que funcionou sempre e que consiste numa "escala voluntária", em que os profissionais sabem que podem ser chamados para comparecer no hospital e que têm um pagamento percentual estipulado. 

"De acordo com o relatório que solicitei, não temos nenhum registo de falha neste período de tempo, nenhum registo de morte ou recusa de qualquer profissional de comparecer no hospital em caso de necessidade. É essa a prática, diria que quase corrente, em Santa Maria", afirmou.
O responsável sublinhou que "até prova em contrário, o sistema montado desde 2008 funcionou: prevenções para resposta quando necessário".

"Doente não devia ser transferido"

 Na mesma audição na comissão de Saúde, a presidente do Hospital de São José confirmou que não foi feito nenhum contacto para transferir para outra unidade o jovem que morreu em Dezembro com um aneurisma roto e afirmou que foram seguidas as diretrizes internacionais. "Não foi feito nenhum contacto para nenhum outro hospital porque o doente não devia ser transferido", declarou Teresa Sustelo. 

Teresa Sustelo, que pôs o lugar à disposição na sequência deste caso, vincou que "as 'guidelines' internacionais mandavam que o doente" fosse intervencionado num período de 72 horas: "foi este naturalmente o raciocínio que o médico fez". Alegou ainda que as mesmas directrizes recomendam que o doente estivesse estabilizado, correndo risco acrescido no caso de uma transferência de unidade.

A ainda responsável do São José relatou que David Duarte "teve um agravamento rapidíssimo do seu estado neurológico e entrou em morte cerebral", indicando que tal ocorre "numa percentagem de casos" e que não chegou "ao tempo janela das 'guidelines'".

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