Morreu um dos voluntários do teste da Bial em França

Estado de saúde dos outros cinco participantes internados mantém-se estável.

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A empresa farmacêutica portuguesa desenvolveu dois fármacos de raiz Nelson Garrido

O voluntário do ensaio clínico promovido pelo laboratório português Bial em França que estava em morte cerebral morreu este domingo, segundo informa em comunicado o hospital universitário de Rennes, onde estavam internados os seis participantes deste teste, que tomaram a nova molécula a partir da segunda semana deste mês. “O estado de saúde dos outros cinco pacientes hospitalizados permanece estável”, adianta a nota, emitida ao início da tarde. 

A nota não indica a idade do voluntário, sabendo-se apenas que terá entre 28 e 49 anos - a faixa etária dos seis participantes internados - e que foi o primeiro a apresentar problemas, tendo sido internado no domingo passado. Os outros, quatro dos quais com lesões cerebrais de diferentes gravidades e um internado apenas por precação, foram hospitalizados entre domingo e quarta-feira passada. 

A Bial reagiu num comunicado publicado na sua página a esta morte, expressando "profundos sentimentos e solidariedade para com os familiares deste voluntário". A Bial adianta que continua a acompanhar a evolução dos restantes voluntários e a "colaborar junto das autoridades no sentido de apurar as causas desta trágica e lamentável situação".

Também o centro onde se realizou o ensaio, a Biotrial, lamentou a morte do voluntário, anunciando num comunicado citados pelos media franceses que criou "um comité científico de referência, com o objectivo de procurar a origem deste acidente e propor, ouvindo a comunidade científica internacional e se for caso disso, a evolução dos padrões que enquadram estes ensaios". O centro de ensaios diz continuar sem uma explicação para o sucedido e insiste que os testes precedentes "com o produto experimental BIA-10-2474 não revelaram nenhuma anomalia".  

Também o presidente executivo da Bial, António Portela, afirmou à Lusa não ter uma explicação para o que aconteceu, mostrando-se "profundamente chocado" com a morte do voluntário. Portela adiantou que equipas da Bial estão em França e em Portugal a "trabalhar incansavelmente para perceber as causas deste trágico acidente", assim como "garantir que os restantes voluntários que se encontram hospitalizados possam recuperar totalmente".

O ensaio foi aprovado pela Agência Nacional de Segurança do Medicamento francesa, em Junho passado, tendo sido desde então ministrado o fármaco a 90 pessoas saudáveis, já que o teste era de Fase I, ou seja, pretendia avaliar a segurança e toxicidade da substância e não ainda a sua eficácia. Os problemas surgiram num grupo de oito pessoas (seis tomaram a molécula e duas placebo) que começou a tomar doses mais elevadas da substância a 7 de Janeiro.

O hospital dá ainda conta que já contactou as restantes 84 pessoas que tomaram a molécula que pretendia vir a ser um medicamento contra a dor. "Neste momento, 10 delas foram sujeitas a uma consulta e examinadas no Centro Universitário Hospitalar de Rennes, no sábado à tarde", adianta a unidade no comunicado. E acrescenta: "As anomalias clínicas e radiológicas presentes nos pacientes hospitalizados não foram encontradas nestes 10 voluntários".

O centro hospitalar refere ainda que cinco destes voluntários manifestaram o desejo de serem avaliados perto do seu domicílio, estando o hospital de Rennes a coordenar o apoio com os respectivos estabelecimentos de saúde. Por fim, a nota informa que já foram recebidas 66 chamadas no número verde disponibilizado pelo centro hospitalar : +33 (0) 2 99 28 24 47.

Contactado pelo PÚBLICO, o hospital remeteu mais detalhes da situação para o ministério da saúde francês, onde ninguém esteve disponível para prestar esclarecimentos.

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