Vera Jardim está com o “tempo novo de António Costa”, mas alerta para batotas

Porta-voz da candidata Maria de Belém diz que não está “confortável” com cumprimento da decisão do partido relativamente às presidenciais.

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Maria de Belém e Vera Jardim foram contundentes nas críticas a Sampaio da Nóvoa Adriano Miranda
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Uma dia depois de Manuel Alegre ter criticado o facto de a decisão do partido de não apoiar nenhum candidato presidencial não estar a ser cumprida, o que considerou ser “batota”, Vera Jardim, porta-voz da candidatura de Maria de Belém, voltou à carga esta sexta-feira para dizer que receia que haja “alguma batota”.

“Estou confortável com a decisão tomada pelo secretário-geral, mas as decisões que se tomam são leis, são para se cumprir e eu não estou muito confortável com algumas coisas que se têm passado e que não reflectem exactamente o sentido da decisão do secretário-geral”, disse o antigo ministro da Justiça, que foi muito aplaudido. “Todos sabem do que é que estou a falar”, atirou, num almoço de apoiantes em Fafe.

Vera Jardim, que interveio pela primeira vez na campanha — embora não seja a primeira vez que acompanha a candidata —, falou em nome pessoal e do “tempo novo”, uma expressão muito usada por Sampaio da Nóvoa, para esclarecer, tal como Alegre fizera sexta-feira num jantar com apoiantes em Santo Tirso, que esse “tempo novo” foi anunciado por António Costa. A este propósito, disse que uma candidatura que se cola ao “tempo novo não pode representar todos os portugueses”.

Falando a título pessoal e não na condição de porta-voz, Vera Jardim separou águas, dizendo que uma coisa é estar com “o tempo novo” que António Costa anunciou — “estou de alma e coração com a solução que foi encontrada, estou feliz” —, outra “é uma candidatura presidencial que faz o seu lema global numa linguagem messiânica, quase sebastianista, que faz dela a candidatura do tempo novo”. E carregou nas tintas: “Não gosto de candidaturas temporais, gosto de candidaturas que olham para o futuro com liberdade, com coragem para enfrentar os desafios que aí vêm e não simplesmente colar-se à situação actual.”

Depois afastou leituras que colocam a candidatura de Maria de Belém como uma candidatura de facção, ao mesmo tempo que negou ser da direita do PS. E saiu em defesa da sua candidata presidencial ao dizer que foi apoiada quando “não havia nenhuma candidatura apoiada pelo PS”. “Desculpem o termo, mas chateia-me que digam que eu sou a direita do PS, que estou a apoiar uma candidatura da direita do PS, e ainda me chateia mais que me digam que eu sou faccioso e então, as duas coisas juntas, não aturo mesmo”, disse.

Vera Jardim sublinhou ainda que apoiou a candidatura de Maria de Belém mesmo antes “de ela ter nascido” e considerou que a candidata cumpriu um “dever cívico” ao entrar nesta corrida ao cargo de chefe de Estado.

“Estarei ao lado dela até ao fim e até ao fim da presidência. Ela será não a candidata do messianismo, do discurso bonito, uma espécie de uma sopa de letras que se mistura e depois dá umas palavras muito bonitas. Não é isso que eu quero. Quero um discurso frontal, claro e corajoso”, salientou, revelando que a ex-presidente do PS tem o perfil do candidato, o currículo, a leitura dos poderes presidenciais e as causas em que se empenha.

A socialista, a última a intervir, falou do impulso em avançar para Belém e disparou na direcção de Sampaio da Nóvoa. "Não sou uma malabarista das palavras, não sou uma misturadora e uma criadora de palavras bonitas. Sou cristã, como já várias vezes me afirmei, mas não aproveito uma entrevista para mostrar um terço nas mãos, porque para mim os terços não são amuletos, nem feitiçarias, nem instrumentos de sorte, são vivências nas quais se acredita ou não se acredita, que se praticam ou não se praticam", afirmou.

“Ser candidato à Presidência da República é "qualquer coisa de extraordinariamente sério", não "uma questão de simpatia", disse sublinhando que, não sendo "malabarista das palavras", se candidata para garantir o prestígio do país. Maria de Belém concluiu reafirmando que, se for eleita, tenciona mobilizar a sociedade civil para lutar contra o flagelo da pobreza infantil, “esperando que as políticas públicas sejam competentes nesse sentido”.

Em reacção às posições de Alegre e Vera Jardim, a "número dois" da direcção do PS, Ana Catarina Mendes, reforçou neste sábado o apelo à mobilização em torno das candidaturas presidenciais de Maria de Belém ou Sampaio da Nóvoa e recusou-se a responder às críticas sobre uma eventual actuação parcial das estruturas partidárias socialistas a favor da candidatura de Sampaio da Nóvoa.

"Como secretária-geral adjunta do PS, o meu apelo é para que haja uma mobilização nesta campanha presidencial, porque para os socialistas não é indiferente um Presidente da República da área da direita ou um Presidente da República da área da esquerda. Sempre que o PS apoiou uma candidatura presidencial [vitoriosa] — fosse o general Ramalho Eanes, Mário Soares ou Jorge Sampaio —, os portugueses reviram-se no exercício das suas funções, em respeito pela Constituição da República e pela estabilidade da vida democrática portuguesa", disse Ana Catarina Mendes à agência Lusa.

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