Nóvoa: “A política não vai ficar igual depois destas eleições”

Em Coimbra, o candidato diz que “chegou o tempo de um Presidente cidadão”.

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Nóvoa escolheu o “bloqueio” à participação democrática como tema central da sua intervenção em Coimbra Nuno Ferreira Santos
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A sala do restaurante do Hotel D. Inês, em Coimbra, está com lotação esgotada. E o candidato só consegue chegar uma hora depois da hora marcada. Além da habitual música da campanha, o genérico da série John Adams, há também uma música com “espírito do tempo”: Changes, de David Bowie.

Além de fazer sentido, no dia da morte de Bowie, há também uma ressonância da letra no discurso do candidato. Afinal, o que Nóvoa traz para dizer aos mais de 500 apoiantes que se juntaram esta segunda-feira à noite em Coimbra é um elogio da mudança: “Portugal já teve um presidente militar, quando a estabilidade do jovem regime democrático teve que ser conquistada a pulso. Teve vários presidentes vindos dos partidos — que consolidaram uma democracia madura. Quando a crise da participação cidadã é um dos maiores bloqueios e desafios que se colocam à nossa democracia, sabemos que chegou o tempo de um presidente cidadão. Esse tempo é agora.”

A crítica dos seus adversários, tal como no domingo, em Viseu, ficou para os oradores anteriores, Maria do Rosário Gama e António Arnaut. “Que este seja o tempo da reconstrução da esperança”, pediu Arnaut. O histórico socialista, que falou imediatamente antes de Nóvoa, pediu ao candidato para “recuperar o tempo perdido”.

Nóvoa escolheu o “bloqueio” à participação democrática como tema. “A crise da participação democrática, não nos podemos esquecer, anda de mãos dadas com a crise económica.”

Para o candidato, “o modelo social e o Estado de direito que associamos à Europa, e ao ideal europeu, foi sendo fortalecido e renovado no pressuposto de que cada geração viveria melhor do que a dos seus pais. A forma como a austeridade e absurdos níveis de precariedade laboral têm vindo a colocar em cheque o contrato social europeu está a minar os alicerces da própria democracia.”

O que o levou, ainda, a justificar a sua candidatura como forma de romper com o “clube fechado” em que a política se tornou. Essa era a única referência, ainda que sem o nomear, a Marcelo Rebelo de Sousa, que o acusara de ser inexperiente e de querer “passar de soldado raso a general”, no debate televisivo da semana passada. “Na nossa República, qualquer soldado raso pode chegar a general. É isso, de resto, que separa uma República de uma monarquia. E eu sou republicano, não sou monárquico.”

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