Preço do petróleo nos mínimos dos últimos 11 anos

Impossibilidade de um entendimento entre Arábia Saudita e Irão para o corte na produção está a influenciar os mercados.

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A Arábia Saudita é uma das principais produtoras de crude internacionais HASSAN AMMAR/AFP

A deterioração das expectativas de crescimento do globo e a cada vez mais fraca capacidade de entendimento entre os grandes produtores mundiais contribuíram para o prolongamento da queda dos preços do petróleo nos mercados na manhã desta quarta-feira, colocando a cotação do Brent no seu valor mais baixo desde 2004.

De acordo com os dados publicados pela Reuters, o barril de Brent – a medida mais usada para o petróleo do Mar do Norte – viu o seu preço cair mais 2% para 34,4 dólares. É necessário recuar 11 anos para encontrar um valor tão baixo.

São duas as explicações que estão a ser dadas para o acentuar da queda esta quarta-feira. Uma prolonga-se já por várias semanas e está a associada aos riscos que a economia mundial enfrenta este ano. Em particular, acentuam-se os sinais de fragilidade das economias emergentes que nos últimos anos têm sido o principal motor do crescimento global, reforçando o peso que têm como consumidores de combustíveis.

A semana abriu com novos indicadores negativos da produção industrial chinesa e com a queda acentuada dos principais índices dos mercados accionistas do gigante asiático.

A segunda explicação está do lado dos produtores. Se no passado, um conflito político grave entre dois grandes produtores como a Arábia Saudita e o Irão conduziria normalmente a uma subida do preço do petróleo, na actual conjuntura o efeito é precisamente o contrário. A razão está no facto de nos mercados haver a convicção de que a única forma dos preços voltarem a subir ser a existência de um acordo entre os países produtores para um corte nos níveis de extracção do petróleo. A ruptura nas relações diplomáticas entre a Arábia Saudita e o Irão, que poderá envolver outros países do Médio Oriente, torna ainda mais difícil que isso aconteça.

Neste momento nos mercados, a expectativa é que nenhum dos países queira abdicar da sua quota de produção, algo que continuará a contribuir para um valor baixo no preço do petróleo.

A queda de preços tem vindo a ocorrer quase sem interrupções desde Junho de 2014, quando o barril de brent era transaccionado por um valor próximo dos 105 dólares, cerca de três vezes mais do que o preço actual.

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