Muitos dossiers à espera da nova directora-geral do Património Cultural

Paula Silva chega à Ajuda na segunda-feira. Para já, todas as prioridades estão por definir.

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Paula Silva, de 59 anos, foi a escolhida pelo Governo Rui Farinha

Foi “com naturalidade” que Paula Silva aceitou o convite para ocupar, em regime de substituição, o cargo de directora-geral do Património Cultural. “É uma evolução natural no meu trabalho, que até aqui estava centrado na região Norte e que agora passa a uma escala macro, nacional”, diz ao PÚBLICO esta arquitecta de 59 anos com um mestrado em arqueologia, que não esconde a sua intenção de se candidatar ao lugar em definitivo quando estiver aberto o concurso.

Esta terça-feira à tarde Paula Silva estava ainda sentada no seu gabinete na Câmara Municipal do Porto, onde até aqui chefiava a Divisão Municipal de Museus e Património Cultural, função que passou a desempenhar quando no final de 2013 deixou de ser responsável pela Direcção Regional de Cultura do Norte.

“Sei que a Direcção-Geral do Património Cultural [DGPC] é um organismo grande e exigente, que tem em mãos muitos assuntos que têm gerado polémica, mas aceito o desafio com coragem”, assume, remetendo para mais tarde, “depois de ter estudado aprofundadamente os dossiers”, quaisquer comentários sobre o caso Crivelli, a situação dos Mirós que pertenciam ao ex-BPN ou a indefinição relativa às seis pinturas de Vieira da Silva da colecção Jorge de Brito agora que findou, a 31 de Dezembro, o acordo de comodato entre os herdeiros e o Estado que tem permitido expô-las na fundação dedicada à pintora e ao seu marido. “Ainda estou na Câmara a passar a pasta. Para já, e sem conhecer os assuntos nos seus pormenores técnicos, não posso ter prioridades definidas.”

Entre os temas de que a nova directora-geral terá ainda de inteirar-se estão as conclusões da auditoria do Tribunal de Contas a este organismo da Cultura, o maior na estrutura do ministério, e o plano de António Lamas, actual presidente do Centro Cultural de Belém, para a gestão integrada do eixo Belém-Ajuda, que segundo os mais críticos provocará um rombo incomportável nas receitas da DGPC, que deverá deixar de poder contar com as bilheteiras de alguns dos seus serviços dependentes mais visitados, como o Mosteiro dos Jerónimos e o Museu dos Coches.

Paula Silva já ouviu argumentos contra e a favor do projecto para a zona, a área monumental mais popular do país, mas o que sabe, por agora, é o que tem lido nos jornais. “As questões complexas” exigem “ponderação”, mas não a assustam. Esta arquitecta que se diz “apaixonada” pelo património português, sempre atenta às suas “necessidades de recuperação” e à forma como pode torná-lo “útil à economia” enquanto “um dos maiores recursos financeiros do país”, chega à Ajuda na próxima segunda-feira, dia 11. E terá à sua espera muitos dossiers.

 

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