BPI fecha a subir 6% com proposta de Isabel dos Santos para o BFA

Acções estiveram em alta com contra-ciclo do PSI20, que perdeu 1,54%.

Foto
A administração do BPI, liderada pelo Fernando Ulrich, avaliou o banco em valor superior ao da Unitel Bruno Lisita

As acções do BPI fecharam esta segunda-feira em forte alta na bolsa de Lisboa, ao 6,32% para 1,16 euros, em reacção à oferta da Unitel, controlada por Isabel dos Santos, para passar a dominar o angolano BFA. Isto numa sessão em que o PSI 20 caiu 1,54% (num dia de forte queda nos mercados accionistas, após a forte desvalorização das bolsas chinesas e o aumento de tensão no Médio Oriente) .

A Unitel detém actualmente 49,9% do BFA e o BPI o restante. A proposta, comunicada ao mercado este domingo ao início da noite, passa pela aquisição, por parte da empresa angolana, de mais 10% do capital, por 140 milhões de euros, assumindo assim o controlo do banco.

A solução agora avançada é uma resposta à proposta do BPI, que tem em cima da mesa um projecto de cisão dos activos em Angola e Moçambique, ou seja, os accionistas do BPI recebem acções do veículo com os activos africanos.

A proposta terá sempre de ser aceite pelo Banco Central Europeu (BCE), que actualmente não aceita o nível de exposição do banco nacional ao mercado angolano.

A valorização das acções, que já chegou a superar os 7%, está acontecer apesar do valor proposta para a aquisição de 10% ficar abaixo de recente avaliação da instituição.

A Caixa BI recorda que, no âmbito da oferta pública de aquisição dos espanhóis da Caixabank, a gestão do banco liderado por Fernando Ulrich avaliou os 51% detidos no BFA entre mil milhões de euros e 1,4 mil milhões de euros, o que fica acima do valor agora oferecido.

O BPI já tinha convocado uma assembleia geral para 5 de Fevereiro, para votar a proposta de cisão simples, que não conta com a concordância do parceiro angolano, determinante para o seu avanço.

Mudanças em Angola
Caso a proposta da Unitel seja aceite, o BPI junta-se a outros casos de bancos em Angola onde os investidores angolanos passaram a dominar, ou reforçaram.

Depois de uma fase em que foram entrando no capital das instituições financeiras localizadas neste mercado (como foi o caso da entrada da Unitel no BFA, em 2008), no último ano e meio houve vários casos em que aumentaram a sua presença.

Primeiro, o fim do BES Angola (ligado ao que sucedeu ao BES/GES) obrigou a uma intenção do Estado angolano, que transformou o BESA no Banco Económico. Se antes o BES detinha a maioria do capital, no Económico o maior accionista é agora a Sonangol.  A petrolífera estatal angolana detém 39,4%, ficando o Novo Banco com 9,7%.

Já em Outubro de 2015, o BCP, que detinha a maioria do capital do Millennium Angola, anunciou a fusão com o angolano Atlântico, controlado pela Sonangol (maior accionista do BCP) e por Carlos Silva. De acordo com o banco liderado por Nuno Amado, o BCP fica com cerca de 20% na nova instituição.

Depois, há ainda o caso do Montepio, dono do Finibanco Angola (após ter comprado o Finibanco). Em Agosto, a instituição deu conta da intenção de alienar 30,6% do banco, reduzindo a posição para perto de 51%, a favor de Mário Palhares. No entanto, nada aconteceu até agora.

A excepção à regra foi a Caixa Geral de Depósitos, que comprou no primeiro semestre de 2015, por um valor que nunca quis revelar, a posição do Santander Totta na sociedade Partang. A Partang detém 51% do Banco Caixa Geral Totta Angola (BCGTA), ao lado de accionistas como a Sonangol e António Mosquito.

O banco público pode, no entanto, voltar a ter um novo parceiro, que deverá ser angolano. Até ao ano passado, o Santander Totta detinha 49% da Partang.

Sugerir correcção
Comentar