Quarenta detidos após invasão da embaixada saudita em Teerão

Manifestantes atearam fogo ao edifício. O supremo líder do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, classificou a execução do imã xiita Nimr Al-Nimr como um “erro político” e previu "uma vingança divina" contra a Arábia Saudita.

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Manifestantes invadiram embaixada saudita em Teerão antes de serem dispersos pelas autoridades. AFP PHOTO / ATTA KENARE

Uma multidão invadiu a embaixada saudita em Teerão na noite de sábado, ateando fogo a algumas partes do edifíco, em protesto contra a execução do imã xiita Nimr Al-Nimr pela Arábia Saudita, uma das 47 pessoas condenadas à morte que cuja sentença foi executada nesse dia.

No Irão, país de maioria xiita, os protestos não se fizeram esperar, como noutras nações de maioria xiita, ou com minorias significativas desta corrente do islão. Ao anúncio da execução de Nimr Al-Nimr seguiram-se várias reacções, com as mais inflamadas a virem do Irão, onde o imã estudou, e do Iraque, onde reside uma significativa comunidade xiita.

A AFP dá conta de vários detidos. “Até agora, 40 pessoas que entraram na embaixada foram identificadas e detidas. O inquérito prossegue para identificar os outros responsáveis por este incidente ”, disse Abbas Jafari Dolatabadi, procurador da capital iraniana.

O supremo líder do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, tem feito declarações incendiárias: criticou “o silêncio dos supostos apoiantes da liberdade, democracia e direitos humanos”, numa mensagem que parece ter como destino os aliados ocidentais do regime saudita. 

Já o Presidente iraniano, o também ayatollah Hassan Rohani, condenou a invasão da embaixada saudita. Citado pela agência noticiosa oficial Irna, Rohani considerou “as acções realizadas por um grupo de extremistas” são “totalmente injustificáveis”. Mas não deixou de condenar a execução de Nimr Al-Nimr, que motivou os ataques.  

Também a embaixada saudita no Iraque enfrenta contestação. No sábado, o influente radical xiita Moqtada al-Sadr exigiu o encerramento da representação diplomática saudita em Bagdad, reaberta na semana passada, ao fim de 25 anos.

O Alto Comissário da ONU para os Direitos do Homem, Zeid Ra'ad Al Hussein, disse "lamentar profundamente" a execução, "num único dia", de 47 pessoas pela Arábia Saudita, de acordo com um comunicado divulgado neste domingo em Genebra. Salienta a morte do imã Nimr Baqer al-Nimr "e de todas as outras pessoas que não tinham cometido crimes que se possam considerar como 'muito graves' à luz do direito humanitário internacional, para o qual possa ser tolerada a pena capital", cita-o a AFP.

Nos Estados Unidos, o Departamento de Estado emitiu um comunicado em que afirma a sua “particular preocupação” sobre a possibilidade de a execução arriscar “perturbar as tensões sectárias numa altura em que estas precisam urgentemente de ser reduzidas”. A Alemanha tinha já expressado no sábado uma preocupação semelhante.

Os EUA exortaram a Arábia Saudita a garantir procedimentos judiciais justos e a permitir manifestações pacíficas de dissidentes.

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