Seguradora Açoreana arrisca perder 40 milhões que tinha em acções do Banif

Medida de resolução aplicada ao banco faz com que seguradora arrisque perder milhões que tinha investido em acções.

Foto
No final do primeiro semestre de 2015 a Açoreana tinha 6,014% do capital social do Banif. Ricardo Campos

A seguradora Açoreana arrisca perder 40 milhões de euros que tinha investido em acções do Banif no âmbito da medida de resolução aplicada ao banco e que afectou os accionistas da instituição.

Segundo o relatório de contas de 2014 da seguradora, a 31 de Dezembro do ano passado a Açoreana tinha 7.173.244.609 acções (mais de 7 mil milhões de títulos) do Banif, ao preço médio de aquisição de 0,01 euros (um cêntimo), pelo que o valor total ascendia a 71,7 milhões de euros. Esta participação no capital do banco estava, contudo, registada no balanço por um valor inferior ao da aquisição, de 40,887 milhões de euros.

Já na última comunicação à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) relativa à transacção de acções do Banif, de 19 de Maio, a Açoreana informava que tinha então 6.954.651.167 títulos, o equivalente a 6,014% do capital social, participação que se mantinha intacta no final do primeiro semestre.

Não há dados públicos sobre o valor a que esta carteira de acções estava registada no balanço da seguradora a 30 de Junho, mas assumindo que o valor unitário das acções era igualmente de um cêntimo, o valor de aquisição cifrava-se em 69,6 milhões de euros.

No entanto, tal como a 31 de Dezembro de 2014, o valor total de aquisição das acções do Banif e o valor de balanço não coincidiam, até porque as acções do banco vinham a cair em bolsa, aplicando a mesma desvalorização, de cerca de 40%, no final de Junho as acções do Banif estariam registadas no balanço da seguradora por 39,7 milhões de euros.

Ou seja, com a medida de resolução aplicada ao Banif no domingo 20 de Dezembro, a Açoreana arriscará perder cerca de 40 milhões de euros que tinha investido em acções.

O valor das perdas que a Açoreana terá de suportar pelo regaste ao Banif pode ser ainda mais alto, uma vez que estas contas não incluem outros investimentos da seguradora no Banif e mesmo as aplicações em títulos de dívida, que também foram afectados com o resgate ao banco.

Assim, ainda é cedo para saber qual será a perda efectiva imputável à Açoreana, até porque a lei que rege os bancos em Portugal prevê várias fases até chegar a um veredicto. 

Sugerir correcção
Comentar