Diplomata próximo de Kim Jong-un morreu em acidente de viação

Num país com poucos automóveis, a morte de Kim Yang-gon é suspeita.

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Kim Yang-Gon era considerado um moderado Han Jae-Ho/REUTERS

Um dos principais diplomatas norte-coreanos, Kim Yang-gon, de 73 anos e próximo do líder Kim Jong-un, morreu num acidente de viação, anunciou a agência oficial do país, a KCNA, sem no entanto avançar pormenores sobre as circunstâncias da sua morte.

A agência descreve Kim Yang-gon, que se envolveu pessoalmente nas negociações com Seul e era secretário do Partido dos Trabalhadores e responsável pelo Departamento da Frente Unida – a unidade que lida com os laços com a Coreia do Sul –, como "o camarada mais próximo de Kim Jong-un, um parceiro revolucionário sólido".

Kim Yang-gon integrava a delegação de alto nível que estabeleceu conversações em Agosto, depois de o Norte e o Sul terem tiros de artilharia, no mais alto nível de tensão entre os dois países em muitos anos. Das negociações saiu um acordo que não só acalmou os ânimos como permitiu reabrir o diálogo para melhorar os laços.

O experiente diplomata parecia ter-se aproximado mais do jovem ditador nos últimos tempos, nota a Reuters. Surgiu a seu lado em várias visitas a quintas e fábricas e em encontros diplomáticos. Segundo o especialista na hierarquia da Coreia do Norte Michael Madden, Kim Yang-gon era um conselheiro com vasta experiência e conhecimento de política internacional. "Relativamente à Coreia do Sul, tinha uma boa rede social e era um bom interlocutor", sublinhou. Tinha a imagem de "um moderado", disse à AFP outro especialista no Norte, Han Jae-Ho, da Universidade de Dongguk, em Seul.

Nada indica que Kim Yang-gon seja a mais recente vítima das múltiplas purgas desde que Jim Jong-un ascendeu ao poder, no fim de 2011. "Mas ter-se tornado tão próximo do líder terá suscitado muitas invejas entre os seus rivais", disse à AFP Yang Moo-Jin, professor na Universidade de Estudos Norte-Coreanos de Seul.

"A Coreia do Norte tem um longo historial de mortes suspeitas de altas figuras do Estado", disse o especialista Andreu Lankov à Reuters. "A maioria morte por rajadas de metralhadora, ou em acidentes de viação. Há muito poucos automóveis e a segurança dos políticos que viajam de carro é muito elevada. Por isso, é natural que se desconfie quando surge uma notícia destas", explica.

 

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