Passos diz que teria a mesma solução para o Banif que o Governo socialista

Ex-primeiro-ministro admite que o seu Governo teve “responsabilidades”, mas não aceita “demasiadas passa-culpas”. Diz que o PS conhecia a situação problemática do banco e que o Governo de António Costa "agiu com diligência".

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Passos Coelho: a liquidação “é sempre a pior solução e foi evitada” daniel rocha

O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho admite que se estivesse no lugar de António Costa tomaria a mesma decisão sobre o Banif. “Admito que não teria uma solução muito diferente desta que foi adoptada na medida em que não foi possível identificar, ao longo destes anos, um comprador para o Banif”, afirmou o presidente do PSD aos jornalistas à margem do encontro do Conselho da Diáspora que se realiza esta terça-feira na Cidadela de Cascais.

“Quando tem dificuldades, um banco ou é comprado, ou é resolvido de modo a que os seus melhores activos ajudem a pagar a factura que custa resolver a parte do banco que não é vendável, ou é liquidado”, enumerou Pedro Passos Coelho, acrescentando que a liquidação “é sempre a pior solução e foi evitada”.

O antigo chefe de Governo admitiu acreditar que, depois de não se ter conseguido vender o banco nos últimos anos, isso também “não teria sido possível até ao final deste ano” mesmo que ainda fosse primeiro-ministro. “O que significa que só restaria uma medida de resolução se o problema tivesse que ser resolvido até ao final deste mês”, tal como o Banco de Portugal impôs.

Passos Coelho afirmou que nesta altura, sabendo o que pensa a Direcção-Geral de Concorrência europeia sobre a resolução dos problemas do sistema bancário através de dinheiros públicos, assim como a abordagem que o Banco Central Europeu tem tido, não poderia, se estivesse no lugar de António Costa, ter uma “solução muito diferente”.

“O que significa que eu não deixaria de fazer o mesmo [que decidiu o Governo de António Costa] até ao final deste mês porque julgo que isso salvaguarda os interesses dos depositantes e dos contribuintes em geral através do sistema financeiro. E porque a partir do próximo ano, qualquer solução que se tivesse que encontrar poderia ser mais onerosa.”

A questão do tempo foi, aliás, um elemento-chave para este desfecho. Passos elogiou o Banco de Portugal por “não ter precipitado demasiado cedo uma solução de resolução que podia não se justificar noutro enquadramento”, assim como o Governo de Costa, que “agiu com diligência e procurou salvaguardar – parece muito evidente – a estabilidade financeira, os depositantes do banco e os seus obrigacionistas”.

Apesar deste apoio à decisão do Governo socialista e de admitir que o seu executivo tenha as suas “responsabilidades”, Passos Coelho espera que “não haja demasiadas passa-culpas” e que a equipa de António Costa também assuma as suas responsabilidades e as consequências da decisão do Banco de Portugal. Até porque, argumentou, “o problema do Banif era conhecido, e do PS também, e de toda a sociedade portuguesa. Não houve nenhum secretismo”.

Mas não haverá só responsabilidades políticas por apurar. Vincando que a situação “se agravou nos últimos tempos”, Passos apontou ainda o dedo à comunicação social por ter divulgado notícias sobre o fecho iminente do Banif, o que levou a uma “fuga de depósitos mais intensa que tornou o valor do banco menos apetecível para potenciais compradores. Sabemos que, de alguma maneira, isso obrigou a que o Estado tivesse que assumir garantias e responsabilidades sobre o futuro que de outra maneira se calhar não teria tido obrigação de fazer."

O presidente do PSD diz que a situação tem que ser "analisada ao pormenor para perceber quais os custos envolvidos e se haveria ou não alguma outra possibilidade de diminuir os custos para os contribuintes".

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