Deputados brasileiros divididos quanto a destituição de Dilma

Segundo sondagem do instituto Datafolha, nem os apoiantes nem os adversários da Presidente brasileira dispõem ainda dos votos necessários para travar ou avançar o processo na Câmara de Deputados

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42% dos deputados federais estão decididos a afastar Dilma EVARISTO SA/AFP

Nenhum dos lados a favor e contra a destituição da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, tem por enquanto os votos necessários na Câmara de Deputados de Brasília para concluir o processo, indica uma sondagem realizada pelo instituto Datafolha. De acordo com as respostas dos parlamentares ao inquérito, 42% dos deputados federais já estão decididos a apoiar a moção para o afastamento da Presidente, e 31% estão determinados a votar contra: o destino de Dilma Rousseff está, assim, nas mãos dos 27% que ou não responderam ou se manifestaram indecisos.

A pesquisa do Datafolha foi realizada entre os dias 7 e 18 de Dezembro, e os resultados obtidos devem ser encarados como “provisórios”, não só por não serem conclusivos como também por causa da volatilidade da situação política brasileira. A rapidez com que são conhecidos novos factos políticos e judiciais (principalmente das investigações em curso que envolvem corrupção), e a repercussão das manifestações de rua entretanto realizadas podem alterar os dados da sondagem.

Mas por enquanto, no que diz respeito à contagem de espingardas, a vantagem está do lado do grupo que pretende destituir Dilma Rousseff de funções, e que conta já com 215 votos, abaixo da fasquia dos dois terços – 342 votos do total de 513 – necessários para autorizar a abertura do processo. No outro lado, estão confirmados 159 deputados que pretendem usar o voto para proteger a Presidente, um número também insuficiente para assegurar a sua manutenção no cargo (para isso, são precisos 171 votos).

O Datafolha não arrisca uma previsão sobre a tendência de voto dos 138 deputados que não responderam sim ou não e para efeitos estatísticos são considerados indecisos. Mas adivinhava dificuldades para a Presidente, com base em dois factores: a evolução das respostas, que na primeira auscultação feita a 28 de Outubro colocava os prós e contra-impeachment em 39% e 32%, respectivamente; e a percentagem de votos contrários a Dilma entre os partidos da sua aliança de Governo. Distribuídos os votos pelos diferentes partidos, constata-se que 26% dos deputados de partidos da base aliada dizem apoiar a destituição.

O mesmo instituto mediu as opiniões relativamente à eventual demissão ou manutenção no cargo do presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha. Aí, as respostas são mais claras: 62% dos parlamentares acham que o político eleito pelo PMDB, o partido do vice-presidente Michel Temer, deve tomar a iniciativa de sair. Num cenário de votação para a cassação do mandato, 60% indicam que votarão a favor, e apenas 8% afirmam que estão contra.

Eduardo Cunha está envolvido no escândalo conhecido como petrolão (por envolver corrupção, lavagem de dinheiro e financiamentos ilegais em torno da empresa petrolífera estatal Petrobras), acusado de ter recebido cinco milhões de dólares em subornos. Também foi acusado de ter mentido a uma comissão parlamentar de inquérito, ao negar a existência de avultados depósitos em seu nome em bancos estrangeiros.

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