Acordo para manter Reino Unido na UE é possível, mas não a qualquer preço

Hollande e Merkel disseram que não haverá mudança nos tratados, pelo menos para já.

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O briefing de Camaron aos líderes durou 40 minutos Yves Herman/Reuters

Os europeus estão disponíveis para chegar a um acordo com o Reino Unido que o ajude a manter-se na União Europeia (UE); também decidiram acelerar a resposta à crise de refugiados e imigrantes, outro tema que ameaça a unidade entre os estados. Estas foram as conclusões da primeira noite da cimeira de Bruxelas, que termina esta sexta-feira.

"Os líderes exprimiram as suas preocupações mas também manifestaram vontade de chegar a um compromisso", disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, no final de um jantar dedicado ao Brexit, ou seja a possibilidade de o Reino Unido abandonar a UE, se for essa a decisão dos eleitores no referendo marcado por David Cameron e que pode realizar-se em 2016 ou 2017.

Todos os países exprimiram vontade de evitar a saída de um dos membros, o que aconteceria pela primeira vez. E o primeiro-ministro britânico, apesar de reconhecer que "será difícil" chegar a um acordo favorável ao Reino Unido, disse que foram feitos "bons progressos". Esta foi a primeira vez que os 28 chefes de Estado e de Governo discutiram juntos as reformas propostas por Londres.

Pressionado pelos eurocépticos, Cameron exigiu "uma resposta activa" para o problema da imigração, o tema que "retira o apoio dos britânicos à União Europeia".

Nas conclusões, os 28 países assumiram que "estão de acordo para encontrar soluções" nas quatro áreas em que David Cameron exige reformas – o britânico quer uma mudança nas regras que regulam a zona euro, para não deixar de lado os países que não aderiram à moeda, quer assegurar soberania em determinadas decisões (por exemplo na competitividade do país) e quer retirar benefícios aos imigrantes.

O primeiro-ministro quer medidas que travem a imigração proveniente da UE, sobretudo o dos países do Leste, e retirar aos cidadãos europeus e a todos os imigrantes o direito de se candidatarem a benefícios sociais antes de terem ali vivido quatro anos.

A Polónia [o país de onde chegam mais imigrantes ao Reino Unido], a Hungria, a República Checa e a Eslováquia consideraram tal hipótese totalmente inaceitável, assim como os outros parceiros europeus. "O que me parece ser o mais importante é que não devemos alterar os tratados, pois isso mexe com a questão da livre circulação de pessoas e bens", disse o Presidente francês, François Hollande, que deixando claro que estão dispostos a um acordo com o Reino Unido, não será a qualquer custo. Ainda assim, Hollande abriu a porta à possibilidade de se fazerem alterações aos tratados a longo prazo. "Estamos todos de acordo que se tivermos que mexer nos tratados não será agora, mas sim mais tarde", disse também a chanceler alemã Angela Merkel.

O Brexit será novamente discutido na cimeira de Fevereiro, data em que terá de haver um acordo, disse Donald Tusk. Terá também de haver acordo noutros pontos, uma vez que não foram tomadas decisões (nem deverão ser esta sexta-feira) relativamente aos outros temas abordados: imigração, contraterrorismo, mercado interno, união económica e bancária.

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