Já vimos este filme

Desde 2011 que andamos a evitar repetir “palavras da semana”, ainda que a actualidade teime em “repor” temas e dramas. Desta vez aceitámos regressar ao “banco”. Decifrámo-lo na edição de 6 de Abril de 2014, sob o título “Instituição bancária e assento dos réus”. O banco era outro, era o BPN, mas podia ser o BES. Agora, é o Banif que justifica nova consulta ao dicionário e ao noticiário, já que as suas acções perderam na segunda-feira mais de 40% na bolsa de Lisboa, mas na quinta-feira subiram 45,45%. E a CMVM suspendeu a negociação por perigo de especulação. “Banco” é uma “instituição financeira cuja actividade principal consiste em receber depósitos e conceder créditos”. Lembremos os protagonistas de então: Cavaco Silva, Dias Loureiro, primeiros-ministros e ministros das Finanças desde Durão Barroso até Teixeira dos Santos e Vítor Constâncio. Protagonistas por omissão, incompetência e competência, mas na dissimulação dos problemas da banca.

Com o BES, o processo e o resultado não diferiram muito. Hoje, o banco em crise é outro e os responsáveis também, os lesados serão os mesmos: os contribuintes. Já vimos este filme.

António Costa aprendeu depressa a ser primeiro-ministro e a sossegar uma parte do povo — os depositantes do Banif “não têm ameaçado um cêntimo” — e a lamentar a sorte da outra — “infelizmente, esta garantia que podemos dar aos depositantes não é a mesma que podemos dar aos contribuintes”.

Prometeu um “novo desenho institucional” para o Banco de Portugal “responder às necessidades de intervenção”. E sossegou (ou  calou) mais um contribuinte: Catarina Martins, sua aliada do BE. 

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