Marcelo defende Forças Armadas e “consensos de regime”

O candidato a Belém diz ser “função do Presidente da República criar todas as condições para que o Governo que existe possa cumprir a sua missão”.

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Marcelo Rebelo de Sousa antes do almoço do American Club Enric Vives-Rubio

Marcelo Rebelo de Sousa continua a fazer de “pontes” e “consensos de regime” ideias fortes da sua pré-campanha eleitoral. No final de um almoço organizado pelo American Club de Lisboa, o candidato melhor colocado pelas sondagens defendeu que “um dos papéis do Presidente é fazer pontes, não só entre o Governo, mas também entre a oposição”. “É preciso também que da parte da oposição haja essa predisposição para os consensos”, alertou.

“O país está mais divido do que estava, porque à saída da crise ficou dividido em dois países com menor capacidade de diálogo entre eles”, disse Marcelo, no final do discurso, aos jornalistas. Por isso mesmo, argumenta, “há mais necessidade de aproximação, de convergência, quer em termos sociais, quer em termos políticos. Esta é a tarefa do próximo Presidente da República”.

O professor de Direito voltou a dizer que não quer “regressar às experiências de Governos provisórios”, em que existem executivos de “seis meses ou de um ano ou de um ano e meio”. “É bom para o país que, à saída da crise, não haja instabilidades políticas, ruídos políticos. Há que assegurar a governabilidade do país”, justifica Marcelo.

Para o antigo presidente do PSD, este é “um momento novo”, com vários obstáculos e desafios, tanto para o actual Governo como para a oposição. É neste ambiente complexo que Marcelo defende que o Chefe de Estado "não deve ficar hierático [intocável, sagrado], distante desta realidade, deve acompanhá-la e deve, na medida do possível, ajudar a encontrar fórmulas para que os próximos anos sejam anos propícios e não anos críticos”.

Quando questionado se o PS estava a beneficiar Marcelo Rebelo de Sousa ao não apoiar nenhuma candidatura à primeira volta das presidenciais - uma ideia veiculada por José Sócrates -, o candidato apoiado pela direita referiu que não quer comentar o “diz-se diz-se”, qualquer candidatura rival ou partido político.

"As pessoas querem neste período eleitoral é que cada qual diga: como é que eu vejo o país, o que é que eu posso fazer pelo país, que poderes tenho eu para poder realizar isso. É o que interessa às pessoas. Tudo o resto, respeitando opiniões diferentes, está longe da minha candidatura e da minha intervenção", reflectiu.

Marcelo Rebelo de Sousa falou ainda sobre política externa e Forças Armadas. O comentador político sublinhou o “papel importantíssimo” dos militares portugueses, não só no âmbito de defesa nacional, mas também em vertentes de “educação, cultural, política, económica, financeira”.

“Infelizmente tem havido em muitas sociedades uma perda de atenção das opiniões públicas ao papel das forças armadas”, lamentou Rebelo de Sousa, relembrando que “prestigiar e valorizar o papel das forças armadas é indissociável da definição de uma política externa e de uma política de defesa consistente”.

A situação do Banif
No final do almoço, Marcelo Rebelo de Sousa ainda teve tempo para abordar a situação do Banif, um caso inicialmente noticiado pelo PÚBLICO e pela TVI, que divulgaram que o Governo estava a estudar uma medida de resolução na instituição financeira madeirense.

"Acredito que o sistema financeiro é uma peça fundamental para o desenvolvimento económico do país e que a sua solidez, a sua estabilidade, é uma preocupação do Governo, dos portugueses, do Presidente da República", começou o candidato presidencial, mencionando estar convicto de que "o Governo tudo fará para, em conjunto com a Europa, com a Comissão Europeia e aplicando regras europeias, ser preservado, ser protegido aquilo que os depositantes integralmente têm no Banif".

Rebelo de Sousa foi questionado sobre a actuação do primeiro-ministro António Costa, que chamou todos os partidos políticos com assento parlamentar mais o governador do Banco de Portugal a São Bento, para discutir o problema. O professor universitário escusou-se a "comentar em pormenor".

"Eu falei daquilo que é a minha convicção em relação à actuação do Governo e quando eu falei ainda não tinha havido a intervenção do primeiro-ministro. Portanto, aquilo que eu disse está confirmado por aquilo que se passou nas últimas 24 horas", disse, fazendo referência à sua intervenção num jantar na Maia, na segunda-feira, onde disse ter a “certeza que o Governo está a fazer tudo" para garantir a posição dos depositantes do banco. Texto editado por Leonete Botelho.

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