TAP conta com petróleo em baixa para ajudar contas do próximo ano

Presidente da companhia prevê que o preço do combustível continuará nos níveis actuais e diz que não consegue antecipar resultados de 2015.

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Brasil, Angola e Venezuela têm sido dores de cabeça para a transportadora Daniel Rocha

O preço reduzido dos combustíveis, fruto da queda do petróleo, tem-se feito sentir nas contas da TAP e a empresa antecipa que a manutenção dos preços baixos seja um factor com um impacto positivo importante ao longo do próximo ano, o primeiro após a privatização.

“Este ano nós tivemos um vento a favor que foi o combustível”, observou o presidente da TAP, Fernando Pinto, num encontro com jornalistas. Mas a queda significativa do preço do petróleo não se traduziu proporcionalmente nas contas. O gestor notou que, embora o custo do combustível tenha caído 30%, a desvalorização do euro face ao dólar fez com que, para as empresas na Europa, a redução de custos tenha andado, até Setembro, em torno dos 3%. “Nós não fomos muito diferentes disso, fomos um pouco melhor”, disse. Já nos últimos meses do ano, o impacto para a TAP foi "maior".

O petróleo está desde meados de 2014 num período prolongado de queda, com a oferta global a suplantar a procura. Vários dos mais importantes produtores mundiais não querem baixar os níveis de produção, num cenário que deverá estar para durar.“A expectativa geral de mercado é que [o preço do combustível] se mantenha no nível que está hoje e isso vai ser muito importante para todas as empresas áreas”, referiu Fernando Pinto. “Podemos esperar uma operação bastante interessante, resultados operacionais importantes e até resultados líquidos importantes”, notou, embora tenha repetido não conseguir saber como vão ser os resultados da empresa este ano. O executivo lembrou ainda que fez um investimento de 11 milhões de euros na frota de aviões, que terá um retorno a dois anos “com o preço do combustível actual”.

Para uma empresa como a TAP, a queda do petróleo significou menos custos de combustíveis, mas, por outro lado, também trouxe constrangimentos sérios a países com forte dependência do petróleo, como é o caso de Angola e Venezuela, que são dois mercados importantes para a transportadora e que o presidente da empresa classificou, a par do Brasil (onde a economia está a desacelerar), como sendo um problema.  

“Tivemos um mercado brasileiro que, todos sabem, teve uma queda bastante forte. A média tarifária [preço dos bilhetes] caiu bastante”, disse Fernando Pinto. “Tivemos Angola em que caiu a venda. E tivemos a Venezuela”. Este é um país que se debate com falta de liquidez e onde a TAP se viu a braços com um problema de retenção de capitais. “São três mercados extremamente importantes para nós que sofreram. Isso vai influenciar, não tenho dúvidas, os resultados”.

Mais dúvidas parece haver quanto ao resultado concreto de 2015. Quando questionado sobre se é inevitável que a TAP termine o ano com as contas no vermelho, Fernando Pinto deu uma resposta que não é nova: “Não sei. É impossível dizer isso no momento”. O gestor argumentou que a recta final do ano será crucial. “ Uma empresa aérea depende muito dos últimos dois meses. Os resultados de Novembro, ainda não sei. O ano passado foi muito difícil operacionalmente. Este ano estamos muito melhores”.

Fernando Pinto não teceu grandes comentários à eventualidade de a privatização da TAP ser revertida pelo actual Governo. "Isso é um assunto dos investidores, dos accionistas", afirmou, defendendo que o "fundamental" é continuar o plano de capitalização e de investimentos em curso. 

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